“Ruas de Género”, o projeto que analisa o sexo das ruas. No Porto apenas 4% têm nomes de mulheres
Porto Canal
O ensaio visual é resultado do trabalho de João Bernardo Narciso e Cláudio Lemos, um projeto que foi apresentado este mês, mas que teve início ainda em 2021.
A desigualdade de género nas ruas da cidade do Porto é o objeto de análise do projeto. As principais conclusões apontam que apenas 4% das ruas da cidade têm nome de mulheres, contra 44% que foram batizadas com nomes de homens. O resto das ruas têm nomes que se referem a coisas ou conceitos e que, por essa razão, não entram nas percentagens, apesar de terem género masculino ou feminino.
A Rua de Santa Catarina é a artéria mais relevante com nome de mulher. A Rua de Nossa Senhora de Fátima, na Boavista é também uma das ruas com mais relevância, que toca a Rotunda da Boavista.
As ruas medem-se aos palmos
Há vários fatores para analisar a importância de uma rua, quer a localização, a utilização e – importante também – o comprimento da rua. Neste campo o comprimento total das ruas com nomes de homens é 14 vezes maior que o das ruas com nomes de mulheres.
A rua mais comprida do Porto com nome de pessoas é a Avenida de Fernão de Magalhães, com 3.84km, segue-se a Rua de Faria Guimarães (3.11km) e a Rua de Costa Cabral (2.99km). Um pódio integralmente ocupado por homens. No sexo feminino, é a Rua de Santa Catarina que lidera com 1.43km. A segunda mais comprida é a Rua de Santa Luzia (1km) e depois a rua da Senhora do Porto, com 970m.
Ruas, sinal de homenagem
Um dos objetivos do projeto de João Bernardo Narciso e Cláudio Lemos é criar uma rua em homenagem a Gisberta Salce Júnior, mulher transgénero assassinada na cidade do Porto no ano de 2006.
Em março o nome integrou a bolsa da comissão de toponímia, mas até ao momento não há qualquer novidade se tal se vai materializar.
Em novembro a Assembleia Municipal do Porto chumbou a criação da “Casa Gisberta”, com votos contra Movimento Rui Moreira e Chega.