Uma das melhores escolas de programação do mundo já chegou ao Porto. É gratuita e não tem professores nem horários
Porto Canal
A escola 42 foi fundada em 2013 pelo milionário filantropo Xavier Niel e, até ao momento, já tem cerca de 46 escolas espalhadas por 27 países. Um desses países é Portugal. Em 2020 a Escola 42 abriu em Lisboa e, dois anos depois, chegou ao Porto.
Ensino Disruptivo: Como funciona?
É considera uma das melhores escolas de programação do mundo e distingue-se das demais pelo ensino disruptivo: na 42 não há professores nem horários, o ensino é totalmente gratuito e a escola funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano para os alunos “adaptarem ao seu horário e aprenderem ao seu ritmo”, afirmou Beatriz Fernandes, responsável pela 42 do Porto.
“Aqui os alunos aprendem a aprender através de projetos e dos seus pares.” É assim que funciona a Escola 42. Os alunos aprendem uns com os outros e todo o curso funciona como um jogo, uma vez que cada projeto permite ganhar pontos e passar de nível.
“O modelo educativo foi o que me atraiu imediatamente”, admitiu Miguel Amorim, aluno da escola do Porto que, até então, tinha tirado uma licenciatura e uma pós-graduação na área das letras. “Há aqui pessoas que têm muito conhecimento de programação, outras têm pouco conhecimento de programação. E todos juntos conseguimos criar uma bolha de gerar conhecimento”, reforçou.
Luiza Zilio partilha da mesma opinião que o Miguel e acrescenta: “O modelo tradicional de ‘o professor ensina e o aluno aprende’, sempre nessa questão até de alguma hierarquia, não funcionava bem para mim. Eu sentia que escutava, mas não aprendia realmente.”
Como entrar?
A Escola 42 recebe todo o tipo de alunos. O único requisito é ter, no mínimo, 18 anos e o 12º ano concluído. Neste momento, no Porto, o aluno mais novo tem 18 anos e o mais velho 61. De acordo com a escola, “50% dos alunos que entram na 42 nunca tiveram contacto com programação”, muitos procuram no curso uma oportunidade para mudar de área ou profissão e há até mesmo quem mude de país só para poder entrar na escola.
É o caso de Luiza Zilio, que tem 20 anos. Estudou 2 anos de pedagogia no Brasil e tentou, inclusivamente, entrar na Escola 42 de São Paulo. “Infelizmente não consegui entrar. Quando soube da 42 do Porto vi uma segunda oportunidade para poder entrar na área da programação. 80% da minha ideia de vir para Portugal foi a 42 do Porto.”
Mas como é que se entra, efetivamente, no curso da Escola 42? “É muito intenso”, admitiu Miguel Amorim, referindo-se ao processo de recrutamento ao qual chamam “piscine”. “Eu fiz os testes online e entrei na ‘piscine’, que é uma prova de seleção que demora 4 semanas. Temos um exame a cada sexta e um grande exame final que demora 8 horas. É um exame de manhã à tarde que é muito interessante e intenso.”, contou Miguel Oliveira. Passando na ‘piscine’, o aluno entra oficialmente no curso de programação que dura, em média, entre 16 a 18 meses.
Mercado de trabalho
Apesar de os alunos não receberem qualquer certificado reconhecido pelo Ministério da Educação no final do curso, o mercado de trabalho fala por si e mostra que as habilitações no papel nem sempre são necessárias: “Temos bastante procura por parte das empresas. Por vezes os nossos alunos não terminam o curso porque são abordados antes de o terminarem para entrar no mercado de trabalho”, contou Beatriz Fernandes.
Desde 2020, já quase 9000 pessoas se candidataram à Escola 42. A do Porto recebeu, recentemente, os primeiros 189 alunos, mas as candidaturas estão abertas para as próximas fases de recrutamento, marcadas para o início do próximo ano.
No Porto, a primeira fase arranca no dia 30 de janeiro e termina no dia 24 de fevereiro. A segunda ronda vai decorrer de 6 a 31 de março.