FMI alerta para bolsas de vulnerabilidade no sistema financeiro português

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 10 jul (Lusa) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou hoje para a permanência de vulnerabilidade no sistema financeiro português, considerando que são necessárias medidas corretivas e mesmo supervisão intrusiva em alguns casos, numa resposta à comunicação social sobre a situação no BES.

O FMI considera que o sistema financeiro português "tem sido capaz de suportar a crise sem uma disrupção significativa, suportado por um apoio de capital público significativo e medidas extraordinárias do Banco Central Europeu".

"No entanto, tal como reconhece o Banco de Portugal, continuam a existir bolsas de vulnerabilidade [no sistema financeiro português], que tornam necessárias medidas corretivas nuns casos e supervisão intrusiva noutros", alerta o fundo numa nota enviada à comunicação social, em resposta a um pedido de comentário sobre a situação no Banco Espírito Santo (BES).

No final da nota, a instituição de Washington diz que não comenta instituições financeiras individuais.

A situação do Grupo Espírito Santo (GES) e os receios em torno da sua solidez penalizaram hoje fortemente a bolsa portuguesa, que fechou a cair mais de 4%, e afetaram também as praças europeias, sobretudo dos países periféricos, que também fecharam em terreno negativo.

Os títulos do BES foram suspensos ao final da manhã de hoje pelo regulador do mercado, a CMVM, depois de o Espírito Santo Financial Group (ESFG) ter pedido ao início da manhã a suspensão da negociação de ações e obrigações em Lisboa e no Luxemburgo.

Os títulos do ESFG negociaram hoje pela última vez às 09:02, altura em que seguiam a perder 8,9% para 1,19 euros, enquanto os do BES perdiam mais de 17%, a valer 0,51 euros, aquando a suspensão.

Os mercados esperam agora que sejam prestados esclarecimentos públicos para que regresse alguma tranquilidade.

Os receios adensaram-se depois de, nos últimos dias, se ter conhecido que o Banque Privée Espírito Santo, na Suíça, estava em incumprimento no reembolso a alguns clientes que tinham aplicações em dívida da Espírito Santo International (ESI).

Nesta empresa de topo do GES, que controla o ESFG (que, por sua vez, controla a área financeira, em que se inclui o banco BES e a seguradora Tranquilidade), uma auditoria detetou que não foram registados 1,2 mil milhões de euros de dívidas nas contas de 2012. Além disso, a 'holding' tem capitais próprios negativos de 2,5 mil milhões de euros, ou seja, está em falência técnica.

O Diário Económico noticiou hoje que a ESI está a avaliar um pedido de insolvência, um cenário que - de acordo com o jornal - poderá avançar se a empresa não conseguir chegar a um acordo com os principais credores.

A medida permitiria avançar com um plano de reestruturação que será aprovado pelos acionistas da ESI na assembleia-geral de 29 de julho, segundo a mesma fonte.

SYP (IM)//CSJ

Lusa/fim

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