Violação de direitos humanos no Qatar. FIFA e organização do Mundial “estão a sacudir-se de responsabilidades”

Violação de direitos humanos no Qatar. FIFA e organização do Mundial “estão a sacudir-se de responsabilidades”
Amnistia Internacional
| Desporto
Porto Canal / Agências

A FIFA e a organização do Mundial2022 de futebol, que vai ser disputado no Qatar a partir de domingo, estão “a sacudir-se de responsabilidades”, disse à Lusa a Amnistia Internacional Portugal, relativamente aos abusos de direitos humanos naquele país.

“Tanto a FIFA como a organização do Mundial2022 estão a sacudir-se de responsabilidades. Até vimos que o presidente da FIFA disse que a organização não se mete em política. Quer dizer, os direitos humanos não são política, são direitos fundamentais”, explica à Lusa o diretor-executivo da Amnistia em Portugal, Pedro A. Neto.

Dadas as violações de direitos humanos na preparação e construção de infraestruturas e estádios no Qatar, documentadas e denunciadas há anos por esta e outras organizações, a Amnistia lembra o pedido de compensação, por parte do organismo de cúpula do futebol mundial e do Estado do Qatar, aos trabalhadores e às suas famílias, por acidentes e mortes nestes trabalhos.

Pedro A. Neto lembra ainda “todos os processos de pouca transparência e pouca corrupção com que se escolhem os campeonatos do Mundo”, mas compreende que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) não se pronuncie, “porque se candidata” à organização do Mundial2030, com Espanha e Ucrânia.

“Não quererá fazer frente à FIFA. Os órgãos de soberania portugueses que tomem as suas posições e comuniquem os valores que defendemos, que são o respeito pelos direitos humanos. No Qatar, não eram respeitados antes do Mundial, na preparação foram muito ofendidos, e tudo leva a crer que também durante o Mundial haverá problemas, e também depois”, lembra.

Além dos trabalhadores migrantes, o alerta vale também para os direitos das mulheres e das comunidades LGBTQIA+, num país em que a homossexualidade é crime e, recentemente, um embaixador do torneio a denunciou como “um distúrbio mental”.

“É uma pena que um evento desta dimensão, com este mediatismo, não tivesse como obrigação prévia o respeito pelos direitos humanos. E o futebol tem força mediática para exigir este tipo de melhorias no mundo e não o tem feito. Os valores, no futebol, têm sido outros”, critica o responsável.

Na opinião de Pedro A. Neto, “um boicote a ver os jogos em casa já não terá efeito”, enquanto sociedade civil, pedindo antes que se boicote “na medida do possível este negócio pouco ético que está a enriquecer a FIFA de forma ilegítima”.

“Infelizmente, a FIFA até enviou um e-mail a todas as seleções para abdicarem de tomar posições sobre direitos humanos, ou usar a braçadeira arco-íris, pela perseguição das pessoas LGBTQIA+. O que apelo é, talvez, à desobediência civil de atletas e treinadores, não usando coisas proibidas, mas quando falarem à imprensa”, alertando para a questão, acrescenta.

Pedro A. Neto lembrou as duras críticas do médio internacional Bruno Fernandes, membro da seleção portuguesa que na sexta-feira viaja para o Qatar para disputar o torneio.

“Que representem Portugal não só na qualidade de jogo, assim espero como fã deste desporto tão bonito, mas também dos nossos valores, e é o que se espera também dos órgãos de soberania”, explica.

A Amnistia Internacional Portugal, lembra o diretor executivo, também se opôs ao torneio realizado na Rússia, em 2018, “e hoje mais pessoas compreenderão porquê”.

“A FIFA não pode continuar a branquear Governos de países que abusam sistematicamente dos direitos humanos com estes grandes eventos que mereciam ser festas sobre chão limpo. E o chão do Qatar está cheio de sangue”, atira.

Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações apontam para milhares de mortes naquele país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.

Além das mortes por explicar, o sistema laboral de ‘kafala’ e os trabalhos forçados, sob calor extremo e com longas horas de trabalho, entre outras agressões, têm sido lembradas e expostas há anos por organizações não-governamentais e relatórios independentes.

Várias seleções, como Dinamarca, Austrália ou Estados Unidos, posicionaram-se ativamente contra os abusos ou a favor da inclusão e proteção quer dos migrantes quer da comunidade LGBTQI+, tanto a viver no país como quem pretenda viajar para assistir aos jogos.

O Mundial2022 vai ser disputado entre domingo e 18 de dezembro, com a seleção portuguesa apurada e inserida no Grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul.

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