Adidas na Maia despede 300 trabalhadores
Porto Canal
A equipa da Adidas no TECMAIA, denominada de "Global Business Services Porto - GBS Porto", vai despedir 300 colaboradores. Sindicatos e Câmara da Maia foram apanhados de surpresa e já estão a pedir várias reuniões de emergência com a companhia que anunciou a operação na passada quarta-feira.
Por "recear repercussões", um trabalhador enviou uma denúnia anónima ao Porto Canal e fala na "extinção de mais ou menos 500 postos de trabalho". Refere que "tudo aconteceu de forma súbita, afetando praticamente todos os cargos no hub do Porto - TecMaia de forma transversal, desde os cargos de nível de entrada até à gestão".
Segundo esta denúncia feita ao Porto Canal, a decisão "erradicou virtualmente todos os postos de trabalho existentes neste polo e 500 famílias ficarão em situação de extrema vulnerabilidade". A operação de dispensa aconteceu na passada quarta-feira, dia 12 de outubro, e foi realizada pelo vice-presidente Mui Florence "de forma absolutamente desumana, tratando-a friamente como uma 'decisão de negócios justificada' e 'uma forma de reduzir custos e cumprir as metas financeiras de 2025', mesmo vendo o staff visivelmente chocado e muitas pessoas a chorar".
Na mesma denúncia, é referido que "praticamente todos os funcionários perderão o emprego numa das duas fases: ou de novembro de 2022 a março de 2023, ou imediatamente nos meses posteriores, o que significa que em 6 meses a maioria das equipas/departamentos do hub da Adidas Porto terão desaparecido".
De acordo com os funcionários, "nenhuma compensação será paga, pois as funções foram formalmente tratadas como extintas", sendo que a vontade da empresa é que estes empregos agora extintos em Portugal "sejam agora oferecidos na Índia, para que a Adidas possa pagar salários mais baixos".
Contactada pelo Jornal de Notícias, a Adidas confirma que "haverá mudanças na estrutura organizacional no Porto em conexão com o desenvolvimento das funções de serviços compartilhados da empresa". Stefan Pursche, relações pública da empresa, diz que, "futuramente, algumas tarefas serão desempenhadas noutros locais fora de Portugal e, numa segunda fase, novas responsabilidades serão criadas no Porto".
"A Adidas lamenta o impacto que a decisão pode ter sobre os funcionários e está a tentar encontrar soluções justas para todos os afetados através de conversas pessoais", refere Stefan Pursche ao JN, acrescentando "poder acontecer o reposicionamento de alguns dos afetados noutras funções".
Os trabalhadores em causa acusam ainda a Adidas Porto de "tentar silenciar/censurar o staff e de não ter divulgado a gravação da reunião na qual esta notícia foi dada, pois entendem a seriedade e imoralidade de tudo o que está a acontecer".