"O Porto não é um lugar. É um sentimento." Celebra-se este sábado o centenário de Agustina Bessa-Luís

"O Porto não é um lugar. É um sentimento." Celebra-se este sábado o centenário de Agustina Bessa-Luís
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Este sábado celebra-se o centenário do nascimento de umas das escritoras mais marcantes da literatura portuguesa do século XX. Agustina Bessa-Luís ficou conhecida por emancipar a força da mulher nas suas escritas. A escritora, natural de Vila Meã, Amarante, nasceu em 1922 e morreu a 3 de junho de 2019, no Porto, cidade onde viveu e pela qual se apaixonou.

Autora de uma vasta obra literária, que conta com romances, contos, biografias, peças de teatro, ensaios e livros infantis, foi considerada uma das mais geniais personalidades da literatura portuguesa. Estreou-se como romancista em 1949, com a publicação da novela Mundo Fechado, mas foi o romance A Sibila, publicado em 1954 que lhe constituiu um enorme sucesso e lhe trouxe imediato reconhecimento, a nível nacional.

Entre as várias obras publicadas, estão títulos como "A Muralha" - 1957, "O Sermão do Fogo" - 1962, o romance histórico "Um Bicho da Terra" - 1984, "Vale Abraão" - 1991 ou "Deuses de Barro" - 2018, este  escrito em 1942, mas que acabaria por ser a última obra publicada da autora.

Agustina foi inspiração de Manoel de Oliveira, com quem escreveu “Fanny Owen”, um romance, mais tarde adaptado ao cinema. A relação entre os dois prolongou-se até 2005 e a obra foi considerada uma das mais criativas da arte portuguesa contemporânea.

Distinções

Agustina Bessa-Luís foi distinguida com o grau de Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico, a 9 de abril de 1981, tendo sido elevada ao grau de Grã-Cruz da mesma Ordem a 26 de janeiro de 2006.

Em 2004, aos 81 anos, recebeu o mais importante prémio literário da língua portuguesa, o Prémio Camões e um ano depois, em 2005, foi-lhe atribuído o título de Doutora Honoris Causa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

A relação com o Porto

"A minha relação com o Porto foi um casamento por conveniência que se transformou em amor à primeira vista" é uma das célebres declarações da escritora sobre a Invicta, cujas referências estão presentes em todas as obras de Agustina.

As palavras da autora refletem um Porto que em tempos conheceu, entre famílias abastadas, burguesas e que, embora pudessem ter vivido em tempos de penumbra, se erguiam de novo.

Era através do domínio da língua portuguesa que a escritora impria nos seus livros a alma portuense que a caracterizava e que revelava "O Porto Em Vários Sentidos", título de uma das suas muitas obras, sobre a cidade que tanto amava.

Outubro centenário

Neste mês de outubro, celebra-se o centenário do nascimento da autora. Várias são as iniciativas que visam divulgar as obras de Agustina. A Biblioteca Pública Municipal do Porto irá apresentar narrativas curtas da escritora.

A abertura da cerimónia está marcada para as 18:00 deste sábado, em Serralves, e conta com a presença do Presidente da República.

No auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Agustina Bessa-Luís também será relembrada. No último sábado de outubro irá acontecer a primeira de seis conversas “Leitores de Agustina”. Este evento prolongar-se-á até abril de 2023.

Em todas as bibliotecas municipais do Porto, neste mês de outubro, estarão em destaque e disponíveis para empréstimo os livros da escritora.

A Câmara do Porto apresentou um programa especial dedicado à celebração do centenário de Agustina Bessa-Luís.

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