Porto Canal reforça queixa contra ERC. Os detalhes de um jogo que ainda vai a meio

Porto Canal reforça queixa contra ERC. Os detalhes de um jogo que ainda vai a meio
Miguel A. Lopes / Lusa
| Desporto
Porto Canal

Ouvido enquanto testemunha no julgamento do caso da divulgação dos e-mails do Benfica, na passada sexta-feira, Carlos Landim, autor do parecer da ERC contra o Porto Canal, reconheceu que é adepto, sócio e acionista do clube da Luz. O jurista revelou ainda que dispõe no seu gabinete, na Entidade Reguladora para a Comunicação Social, de adereços das ‘águias.’

Nuno Brandão, advogado do Porto Canal, requereu a extração de uma certidão da audição da testemunha para juntar ao processo de impugnação da deliberação da ERC, a correr autonomamente no Tribunal Administrativo. Processo que sai assim reforçado com as recentes revelações.

ERC na origem da tese da “truncagem”

Durante mais de um ano, entre o período em que teve início a divulgação dos e-mails do Benfica no programa Universo Porto da Bancada, do Porto Canal, e a deliberação da ERC, nunca se ouviu o termo “truncagem.”

A palavra surge pela primeira vez, precisamente, na deliberação da ERC: “O confronto entre as “versões” das mensagens em questão torna patente a leitura criteriosamente truncada e a interpretação descontextualizada que das mesmas foi feita por parte de Francisco José Marques e acriticamente aceite, reiterada e desenvolvida pelos demais intervenientes no programa “Universo Porto – da Bancada”. Mais adiante, no mesmo documento, é possível ler-se que os e-mails “surgem truncados, através da ocultação de excertos relevantes para a compreensão dos mesmos, com reflexos para a conclusão que deles se pode retirar.”

A tese da “truncagem” é, no entanto, colocada em causa pela defesa, com o argumento de que foi o próprio Francisco J. Marques, por sua iniciativa, a ceder os e-mails em causa, “em bruto”, a alguns órgãos de comunicação social, que no dia a seguir publicavam a versão que serviu justamente de base ao parecer da ERC.

Porto Canal

Deliberação da ERC contra o Porto Canal, tornada pública a 6 de junho de 2018, continua no centro da polémica (Imagem: Lusa)

Deliberação da ERC na origem dos processos judiciais

A deliberação da ERC que condena a Avenida dos Aliados (entidade detentora do Porto Canal), na sequência da queixa apresentada pelo Benfica, começou a ter consequências judiciais precisamente um ano depois. O Juízo Cível do Tribunal Central da Comarca do Porto condenava o Futebol Clube do Porto ao pagamento de uma indemnização superior a 2.000.000 € pela divulgação dos e-mails. A sentença assentava, em grande medida, na deliberação da ERC, amplamente citada ao longo de todo o documento:

“Note-se que uma questão semelhante foi já objecto de decisão da ERC na Deliberação ERC/2017/130 (AUT-TV-PC).”

“Pode ainda ser consultado, como mero documento impugnado pelas RR o “duro” e profundo parecer da ERC junto no apenso pareceres, I;”

“In casu o parecer da ERC (ainda não transitado) mas que pode ser usado como mero documento impugnado pelas RR. revela várias truncagens e adulterações que, note-se não se explicam como pretende o Réu FJMarques com o “tempo” e “interesse jornalístico”. Desde logo as RR tiveram quase um ano e 20 programas com a duração de aproximadamente uma hora para exibir os documentos.”

Pedido de escusa descartado

O facto de o parecer da ERC ter ficado nas mãos de Carlos Landim não era inevitável. Isso mesmo foi confirmado ao tribunal pelo jurista, que disse que são três os elementos do departamento a que pertence e que estariam em condições de apreciar o caso. No entanto, Rui Mouta, responsável pela área e superior hierárquico de Landim, não terá visto necessidade de distribuir a queixa do Benfica a outro jurista.

Questionado sobre a hipótese de ter pedido escusa, tendo em conta a potencial situação incompatibilidade, decorrente da sua ligação ao Benfica e do teor do caso, Carlos Landim defendeu-se e afirmou que “não sentiu necessidade.”

Contraditório “não era necessário”

Confrontado com o facto de não ter dado o direito do exercício de contraditório aos visados pelo procedimento de queixa conduzido pela ERC, Carlos Landim disse não ver “necessidade.” Este é um dos pontos que pode fragilizar a posição da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, tendo em conta que um dos argumentos da ERC, na deliberação de 2018, é justamente a alegada omissão do direito ao contraditório, não concedido pelo Porto Canal aos protagonistas dos e-mails.

Decisão da ERC objeto de impugnação

A deliberação da ERC, tornada pública a 6 de junho de 2018, foi votada favoravelmente por todos os membros do Conselho Regulador, com excepção de Mário Mesquita.

A decisão foi objeto de impugnação por parte da Avenida dos Aliados. Nuno Brandão, advogado do Porto Canal, requereu a extração de uma certidão da audição de Carlos Landim enquanto testemunha. Em causa estão dúvidas sobre a imparcialidade do jurista responsável pelo parecer que levou à condenação do Porto Canal, sustentadas nas revelações feitas em tribunal na passada sexta-feira.

Porto Canal

Mário Mesquita (1950-2022) foi o único membro do Conselho Regulador da ERC que não votou favoravelmente à deliberação contra o Porto Canal (Imagem: Lusa)

Deliberação “sem valor probatório”

Nuno Brandão defende que a deliberação da ERC “não tem valor probatório.” A convicção do também mandatário de Francisco J. Marques no julgamento dos e-mails baseia-se no facto de nem Francisco J. Marques, nem Diogo Faria serem partes no processo conduzido pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social. Por outro lado, a deliberação foi impugnada judicialmente e, até ao momento, não transitou em julgado.

Somam-se agora também as suspeitas de parcialidade na origem do parecer.

+ notícias: Desporto

“Vamos fazer tudo por tudo”. SC Coimbrões quer levar Taça AF Porto para Gaia

O Sporting Clube Coimbrões vai defrontar o Aliança de Gandra na final da temporada de 2023/2024 da Taça AF Porto de futebol, que acontece este domingo pelas 16h00 no Estádio Municipal Jorge Sampaio, na freguesia de Pedroso, em Vila Nova de Gaia.

Do sonho da subida à final da taça ao virar da esquina. A epopeia do Aliança de Gandra

Domínio absoluto na série dois da Divisão de Elite da Associação de Futebol do Porto (AFP) e a final da Taça ao virar da esquina. O Aliança de Gandra vive uma temporada de sonho que espera ver coroada com a ascensão ao Campeonato de Portugal.

FC Porto (Sub-15): Três pontos para os Juniores C no Minho

FC Porto bateu o SC Braga (1-0) na 13.ª jornada do Torneio de Apuramento do Campeão Nacional de Juniores C.