O antigo presidente da Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional reconheceu hoje no julgamento do caso da divulgação de e-mails do Benfica no Porto Canal que os e-mails eram autênticos. Carlos Deus Pereira confirmou ainda a acusação de Francisco J. Marques no programa Universo Porto da Bancada de junho de 2017 e assumiu ter acedido às SMS do telemóvel de Fernando Gomes, que reencaminhou para Pedro Guerra, então diretor de conteúdos da BTV.

Num dos primeiros programas” Universo Porto da Bancada”, no Porto Canal, Francisco J. Marques acusou o Benfica de "vasculhar as SMS da Fernando Gomes.” “O Benfica monitoriza as SMS da FPF, liderada por Fernando Gomes. Dizem que é adepto do FC Porto. Se ele foi campeão em basquetebol pelo FC Porto, dirigente da SAD é natural que seja adepto do FC Porto. Mas não tem beneficiado nada o FC Porto.", afirmou o Diretor de Comunicação e Informação dos Dragões.

Francisco J. Marques referia-se então a uma troca de e-mails entre Pedro Guerra e Carlos Deus Pereira, de 16 de fevereiro de 2014, onde circulava o conteúdo de mensagens privadas do Presidente da FPF. “Há muitos emails do Carlos Deus Pereira para o Pedro Guerra a dizer, por exemplo, quando os clubes queriam retirar Mário Figueiredo, que o avisava assim que tivesse uma decisão sobre os requerimentos. É uma vergonha. Monitorizar o presidente da Liga, da FPF, mas o que é isto? Alguém acredita que o Benfica é um competidor sério? E depois andam ofendidinhos por lhes descobrirmos a careca. Esta gente tem de ser varrida. Os adeptos do Benfica não têm culpa disto. Encham-se de vergonha", referiu.

Na sessão desta manhã do julgamento em que são arguidos Francisco J. Marques, Diogo Faria e Júlio Magalhães, Carlos Deus Pereira defendeu a iniciativa por achar que havia interesse em divulgar as SMS, por ter ficado “chocado” ao saber que Fernando Gomes recrutou Tiago Craveiro para a FPF com base “no amor comum ao FC Porto.” Segundo o antigo presidente da Assembleia Geral da Liga, para além de Pedro Guerra, foram receptores das mesmas mensagens outros jornalistas, como Rui Santos.

Apesar de só ter tido interesse na mensagem referente a Tiago Craveiro, Deus Pereira não esclareceu em tribunal o motivo para ter reencaminhado todas as mensagens de Fernando Gomes; disse apenas que havia “uma guerra” em que de um lado estava o FC Porto e do outro o Benfica, sendo que nessa guerra apenas partilhou informação confidencial com o Benfica.

A sessão desta segunda-feira do julgamento pela divulgação dos e-mails do Benfica no Porto Canal foi a primeira da fase de audição de testemunhas. Para terça-feira, está agendada a ida a tribunal de nomes como Luís Filipe Vieira, Pedro Guerra, Adão Mendes, Nuno Cabral e Mário Figueiredo.