Fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro garante que António Costa deseja que seja Marta Temido a concluir escolha da nova direção executiva do Serviço Nacional de Saúde. António Lacerda Sales, Manuel Pizarro e Fernando Araújo de prevenção.

A substituição da ministra da Saúde "não será rápida", alertou fonte próxima do primeiro-ministro. António Costa “gostaria que ainda fosse Marta Temido a levar ao Conselho de Ministros o diploma que regula a nova direção executiva do SNS" e que considera uma "peça central da reforma iniciada com a aprovação do Estatuto em julho passado".

A aprovação "só estava prevista para o Conselho de Ministro" de dia 15 de setembro e António Costa receia que a substituição de Marta Temido "atrase a aprovação" de um diploma que considera essencial, acrescentou a fonte à agência Lusa.

Esta tem sido a principal mensagem veiculada por São Bento. Marta Temido vai abandonar o cargo mais mediático do Governo dos últimos anos, altamente desgastado pelo combate a uma pandemia mundial e vários casos de tensão entre enfermeiros, médicos e gestores hospitalares, mas o primeiro-ministro não tem vagar para nomear já um substituto. Aliás, António Costa estará neste momento a preparar a cimeira luso-moçambicana: na quarta-feira, viaja de avião com destino a Maputo, só regressando a Lisboa no sábado à noite.

Mas, afinal, quem poderá ser o novo ministro da Saúde?

António Lacerda Sales

António Costa tem historial de “promover” secretários de Estado. Foi o caso do ministro da Educação, João Costa, antigo “número 2” de Tiago Brandão Rodrigues. O mesmo aconteceu com João Leão, secretário de Estado que se viu com a pasta das Finanças depois da saída de Mário Centeno para o Banco de Portugal. Há ainda o cenário de Duarte Cordeiro, que passou de secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares para Ministro do Ambiente. Existe “precedência”. António Lacerda Sales leva, por isso, vantagem. Conhece bem os dossiers de Marta Temido, tem mediatismo e experiência na luta contra a covid-19, tem passado os últimos meses “na estrada” a inaugurar centros de saúde e balcões SNS 24 e é um defensor forte da regulamentação “célere” do estatuto do SNS. Seria a escolha de continuidade do Governo, mas podia mostrar dificuldade de recrutamento fora dos nomes do executivo.

Fernando Araújo

O atual Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, é uma espécie de ministro sombra, há muito indicado para regressar ao Governo. Foi secretário de Estado da Saúde de Adalberto Campos Fernandes, o ministro que antecedeu Marta Temido, e foi indicado pela própria ministra para liderar o S. João. É considerado o grande responsável pela organização do maior hospital do Norte na luta contra a pandemia: teve, de longe, os melhores resultados no internamento, tratamento e prevenção de novos infetados numa das regiões mais afetadas do país. No Jornal de Notícias, onde escreve uma crónica semanal, vai apontando erros e propondo soluções para o SNS. Quando contacto pelo Porto Canal, Fernando Araújo recusou comentar. Fonte socialista confirmou ao Porto Canal que seria a “solução mais óbvia, justa e capaz”.

Manuel Pizarro

Pode ser a escolha “inesperada” de António Costa, mas um trunfo político. O médico líder da Federação Distrital do PS Porto é o homem forte da região. Com experiência no cargo (foi secretário de Estado entre 2008 e 2011), eurodeputado desde 2019, próximo de António Costa (integrou o primeiro Secretariado Nacional do atual primeiro-ministro), foi candidato duas vezes à Câmara do Porto e serviu de âncora a todas as candidaturas autárquicas 2021 da Área Metropolitana do Porto. Manuel Pizarro poderia suprir a “necessidade política” de um Governo fragilizado, mas que ainda tem quatro longos anos de maioria absoluta pela frente. Ao Porto canal, fonte próxima do eurodeputado deu a entender que Manuel Pizarro está interessado no cargo.