Terramoto no Chega: demissões sucedem-se e oposição interna endurece críticas a Ventura

Terramoto no Chega: demissões sucedem-se e oposição interna endurece críticas a Ventura
| Política
Porto Canal

A demissão de Gabriel Mithá Ribeiro, um dos rostos mais influentes do partido, pôs a nu a instabilidade política que se alastra no Chega. Contudo, este foi, apenas, um capítulo de uma longa história que tem marcado o passado recente do partido e com repercussões mais expressivas a nível autárquico, uma vez que, desde as eleições de setembro, dos 19 vereadores eleitos, cinco já viraram as costas ao partido, tornando-se independentes. Perante este cenário, a oposição interna tem tecido duras críticas ao atual modo de governação de André Ventura. 

O líder desvaloriza o ambiente de crispação, apontando para uma "restruturação do partido" que resultará numa "profunda reforma a nível distrital, concelhio e dos organismos" do Chega.

Moura, Seixal, Sesimbra, Moita e Entroncamento, todos estes municípios têm algo em comum. Demissões de vereadores do Chega, desde o final de 2021. A onda de demissões abrange também outros autarcas em assembleias municipais e assembleias de freguesia, sempre com o mesmo pano de fundo, de acordo com os próprios. Falta de democracia interna, divergências e uma colisão com o modo de funcionamento dos órgãos do partido. Têm sido estas as razões apresentadas no momento de despedida de vários membros do chega.

Assim, de acordo com a edição online do Jornal Público desta quinta-feira, o partido liderado por André Ventura, que esta quinta-feira faz a sua rentrée política, elegeu 397 autarcas nas últimas eleições de Setembro, mas pode já ter perdido mais de 50, segundo uma fonte partidária. Um cenário preocupante e que intensifica a divisão interna do partido.

Mithá Ribeiro agudiza ambiente de instabilidade

A demissão de Mithá Ribeiro de vice-presidente, formalizada esta segunda-feira, depois de ter sido afastado do cargo de coordenador do gabinete de estudos do Chega por André Ventura, que ficou “provisoriamente” à frente do mesmo até à realização de um Conselho Nacional, soou os alarmes dentro do partido.

Ainda assim, o líder, André Ventura, assegurou que a saída de Mithá Ribeiro do gabinete de estudos se insere numa “profundíssima reestruturação do partido que vai afetar a base do partido” e que está a ser preparada para os “próximos meses”.

A verdade é que qualquer tipo de oposição dentro do chega não tem tido bons resultados e José Dias é prova viva. Criticou André Ventura numa publicação no Facebook, seis dias depois acabou suspenso e foi-lhe indicada a porta de saída. Já esta quarta-feira, a Comissão de Ética do Chega aprovou a “suspensão provisória” do antigo vice-presidente do partido, José Dias, e deliberou igualmente que vai ser “proposta a sua expulsão ao Conselho de Jurisdição”.

Num artigo de opinião publicado no Facebook, que acabaria por ser a gota de água para o seu afastamento, José Dias diz que André Ventura “aburguesou-se”, que o partido “perdeu a alma” e acusou o líder de fazer uma rentrée num “ambiente de casamento de senhoras de toilette e de senhores aprimorados, a falarem controladamente e em sussuro, em vez da berraria espontânea da multidão suada dos comícios precursores das mudanças que se ambicionam”.

Voz crítica de Nuno Afonso

As críticas sobre a rentrée do partido foram partilhadas por Nuno Afonso, antigo coordenador autárquico do Chega e antigo chefe de gabinete de André Ventura, que num passado recente tem estado em rota de colisão com o líder.

Segundo o também fundador do partido, a rentrée do chega, que se realiza no Casino de Vilamoura, transparece “uma simbologia, uma hipocrisia de alguém que diz que fala pelo povo, que diz que é ele que diz o que os portugueses comuns dizem no café, que representa os portugueses de bem, seja lá o que isso for”, destacou Nuno Afonso, num vídeo publicado na rede social Twitter, reforçando que “os portugueses comuns não vão a Vilamoura numa quinta-feira, a menos que estejam de férias no Algarve…. Pagar a viagem, as portagens, estadias e ainda pagar 30 euros por um jantar, para ouvir alguém que anda há 3 anos a dizer a mesma coisa. Isto já são tiques de um partido elitista e não de um partido de gente comum”.

Neste sentido, o vogal na Direção Nacional do Chega realçou que “o Presidente tem mostrado um profundo desprezo, não apenas pelos valores, princípios e pela linha programática que o partido defendia, mas, sobretudo, pelos militantes de base”.

“Agora que o partido tem mais de 5 milhões de euros de subvenção, que, na realidade, são mais de 1 milhão de euros por ano, as quotas dos militantes já não fazem falta e já não são necessárias. Já se pode suspender e expulsar quem é conveniente”, apontou Nuno Afonso.

Assim, para o crítico de Ventura, “esta forma pouco séria de fazer política, e de afastar os que, realmente, acreditavam no partido, e manter aqueles que se vendem por uma vice-presidência de uma distrital, por um cargo de assessor conduziu o CHEGA a isto: um partido de poucas dezenas de pessoas”, sinalizou o vogal na Direção Nacional do partido, em mais uma clara demonstração de divisão interna do partido.

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