Futura sede da TAP pode vir a custar 3,8 milhões/ano. Pilotos criticam mudança
Porto Canal
O sindicato dos Pilotos da Aviação Civil acusou, esta quinta-feira, a gestão da TAP de “desperdiçar” as receitas do verão com “milhões de erros” cometidos ao longo do ano. Um deles é, segundo a estrutura sindical, o “gasto desnecessário com a mudança da sede da empresa do Aeroporto de Lisboa para o Parque das Nações. Um dos edifícios na mira da companhia aérea nacional tem uma renda anual de quase 4 milhões de euros.
“A TAP está numa situação económica difícil e vai mudar de instalações?” É a pergunta feita pelos pilotos, mas que ainda não teve resposta. Depois de a Comissão Europeia ter aprovado o plano de restruturação da companhia, que prevê a ajuda estatal de 2.550 milhões de euros, o sindicato diz que “não faz sentido” mudar de sede.
Tiago Faria Lopes, presidente da estrutura sindical recorda ainda que “o edifício da TAP está em manutenção há mais de 30 anos” e que, por isso, já foi investido muito dinheiro na sede, sendo a mudança mais uma forma de desperdiçar investimento. Apesar disso, em abril deste ano, a CEO da TAP comunicou aos trabalhadores que estava a “ponderar” mudá-los para novas instalações devido ao mau estado dos edifícios ocupados atualmente pela companhia, que careciam de obras no valor de quase 50 milhões de euros.
Edifício sede dos CTT, apontado como futura base da TAP
Quanto à alternativa, que segundo o jornal ECO será a atual sede dos CTT, no Parque das Nações, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil mostra-se preocupado. “Se uma empresa como os CTT saí do edifício porque é caro, vai para lá a TAP? Deve ser igualmente caro…”, questiona Tiago Faria Lopes em declarações ao Porto Canal.
Em causa está o Edifício Báltico, no número 13 da Avenida D. João II. O prédio tem uma área de cerca de 15 mil metros quadrados, divididos em 16 pisos acima do solo e cinco subterrâneos. O imóvel foi construído em 2010 pela Mota-Engil e vendido em 2013 ao fundo alemão Deka Immobilien, naquele que foi considerado na altura o maior negócio imobiliário dos últimos quatro anos.
Em 2011, os CTT ocuparam o edifício como arrendatários. Durante o primeiro ano a renda foi de de 2,2 milhões de euros, passando depois para 3,8 milhões de euros.
O SPAC alerta ainda para a possibilidade de os trabalhadores virem a perder acesso a serviços sediados nas instalações junto ao Aeroporto Humberto Delgado. “Será que o infantário e o refeitório também seguem para a nova sede? Será que as novas instalações têm estacionamento para todos os funcionários? E se não tiverem? Quanto custa um parque de estacionamento na zona da Expo?”, questiona Tiago Faria Lopes.
O Sindicato acrescenta ainda que “se a intenção da TAP é sair da Portela e vender os terrenos, os fiéis depositários do espaço são os trabalhadores”. Por isso, lamenta que a TAP esteja a tomar decisões “deixando completamente de parte os trabalhadores”.
“Nunca antes uma administração tinha tido a ousadia de mudar de instalações”, criticam ainda os pilotos, que falam num erro grave “para uma companhia que tem uma situação económica tão difícil”.
Questionada pelo Porto Canal quanto à localização das novas instalações e ao envolvimento dos trabalhadores no processo, a TAP respondeu que a mudança parcial da sede "está a ser estudada no sentido de permitir uma redução de custos, ao mesmo tempo que se melhoram as condições de trabalho".
Acrescentou ainda que esta hipótese decorre do "levantamento de custos para a manutenção indispensável devido à deterioração dos atuais edifícios que a empresa ocupa junto ao aeroporto Humberto Delgado e que se revelam muito elevados face à antiguidade das instalações".
E que a empresa "privilegia e pratica a total abertura na comunicação com os seus trabalhadores e, atempadamente, logo que seja tomada alguma decisão sobre esta matéria, transmitirá diretamente toda a informação sobre o assunto, em primeira mão, aos seus colaboradores".