Manifestação na Assembleia Municipal de Arouca contra fecho de escola em Tropeço
Porto Canal / Agências
Arouca, 27 jun (Lusa) - Mais de 80 habitantes da freguesia de Tropeço compareceram hoje na Assembleia Municipal de Arouca para manifestar o seu descontentamento quanto ao fecho anunciado da Escola de Bacelo, que é frequentada por quase 60 alunos.
Adriano Soares Francisco é o presidente da Junta de Freguesia de Tropeço e explicou à Lusa que o principal objetivo desses cidadãos era "perceber qual o critério legal" que determinou a decisão, considerando que só os estabelecimentos com menos de 21 alunos podem ser encerrados e que, no de Bacelo, o jardim-de-infância acolhe 23 crianças e a EB1 36.
"Não faz sentido nenhum estarmos a ser assim injustiçados", declarou o autarca. "A única explicação deve ser que o Polo Escolar de Rossas está sobredimensionado e isto é uma maneira de obrigarem as crianças a irem para lá", avançou como eventual justificação.
Essa possibilidade estará relacionada com o facto de a Escola de Bacelo estar a funcionar há cerca de três anos com base na chamada "Licença Especial", precisamente desde a entrada em funcionamento do Polo de Rossas. "O Governo deu instruções para fechar todas as escolas que tinham menos de 21 alunos e que estavam com licenças especiais", refere Adriano Soares Francisco.
O presidente da Junta acusa, por sua vez, o Executivo Municipal de ser o responsável pela situação, já que, "há quatro ou cinco anos, o presidente da Câmara se comprometeu com a DREN [Direção Regional de Educação do Norte] a levar os alunos de Tropeço para Rossas, sem passar cavaco a ninguém".
"Um político sério não pode fazer isso sem consultar a população, mesmo que a Lei lhe dê poderes para isso", defende o presidente da Junta. "Ninguém de Tropeço quer tirar os filhos da escola e ela não vai ficar sem alunos tão cedo, considerando o número de crianças que estão no jardim-de-infância e que vão passar para o 1.º Ciclo", observa.
Carlos Costa, que integra a Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola EB1 e Jardim-de-Infância de Tropeço, declarou que "o que mais irrita as pessoas é não saberem qual foi o critério aplicado para decidir o encerramento".
"Já perguntamos na Câmara, mas não nos souberam dizer", declara esse encarregado de educação. "Se há aqui polos escolares com pouco mais do que 21 alunos e não fecham, porque é que esta, com quase 60 alunos, tem que fechar?", questiona.
Joana Moreira, outra das manifestantes, também duvida da legalidade da decisão dado o número de alunos inscrito na Escola de Bacelo, mas, mesmo que o encerramento se venha a verificar, aponta novos problemas à situação. "Se tivermos que mudar para o Polo de Rossas, as crianças vão estar em iguais ou piores condições do que em Bacelo", argumenta.
O transporte para cobrir os cerca de 10 quilómetros entre essa freguesia e a de Rossas são outra dificuldade já identificada. "Não há transporte para levar os meninos", nota essa mãe. "Para os pais isso é incomportável e a Câmara Municipal também já disse que não suporta essa despesa, portanto não estamos a ver como se vai resolver o problema", conclui.
Adriano Soares Francisco anunciou que a Junta vai interpor uma providência cautelar para impedir o fecho da escola, porque "alguém vai ter que descalçar esta bota". Se o problema não for solucionado a contento da população, garante que "a Junta vai pedir a demissão em bloco, porque não se sente à vontade para lidar com esta forma pouco séria de fazer as coisas".
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