Tribunal proíbe líder da oposição de sair da Venezuela
Porto Canal / Agências
Caracas, 19 jun (Lusa) -- A ex-deputada venezuelana Maria Corina Machado está, por decisão de um tribunal de Caracas que decidiu a pedido do Ministério Público, proibida de sair do país.
A proibição tem lugar dois dias depois da antiga deputada da oposição ter prestado, como testemunha e durante oito horas, declarações sobre os acontecimentos violentos de 12 de fevereiro, em que três pessoas foram assassinadas no final de uma manifestação dos jovens em caracas e na qual foi detido o fundador do partido Vontade Popular, Leopoldo López, também da oposição.
Para Maria Corina Machado, a medida faz parte de uma "brutal perseguição que mostra que na Venezuela existe uma ditadura que quer calar todas as vozes, enterrar a verdade", mas "dá novas forças" para continuar "numa caminhada de luta para a transição democrática, no quadro da Constituição".
A 28 de maio último o "alto comando político" da revolução bolivariana acusou vários dirigentes da oposição, entre eles Maria Corina Machado, de, com o apoio de um banqueiro, estarem a promover um golpe de Estado e um atentado contra o Presidente Nicolás Maduro.
Durante uma conferência de imprensa em Caracas, o dirigente do Partido Socialista Unido da Venezuela (o partido do Governo), Jorge Rodríguez, divulgou o conteúdo de alegadas mensagens de correio eletrónico que relacionam Maria Corina Machado com um alegado "financiador", o banqueiro e empresário Egídio Cedeño, fugido à justiça venezuelana.
Nas mensagens aparecem ainda, entre outros, Diego Árria, um diplomata, político e opositor venezuelano, que o Ministério Público Venezuelano pediu recentemente à Interpol para que seja detido para interrogatório sobreo alegado Golpe de Estado, o que ainda não aconteceu.
Maria Corina Machado foi afastada do cargo de deputada, a 26 de março pelo presidente do Parlamento, Diosdado Cabello, depois de se ter deslocado à Organização de Estados Americanos a convite do Panamá, como alegada embaixadora suplente, para expor várias queixas contra o Governo venezuelano.
A 31 de março o STJ determinou que "ao aceitar uma representação de outro país" sem autorização do parlamento, a antiga deputada "perdeu de pleno direito do seu lugar parlamentar".
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