Selminho: Rui Moreira diz que foi "incauto" assinar procuração por indicação de Azeredo Lopes

| Norte
Porto Canal com Lusa

Porto, 16 nov 2021 (Lusa) -- O presidente da Câmara do Porto admitiu hoje que foi "incauto" ao assinar uma procuração a um advogado para representar o município no litígio que mantinha com a Selminho, sublinhando que o fez por indicação de Azeredo Lopes.

Rui Moreira começou a ser julgado no Tribunal de São João Novo, no Porto, no processo Selminho, onde é acusado de prevaricação, por favorecer a imobiliária da família (Selminho), da qual era sócio, em detrimento do município, no litígio judicial que opunha a autarquia à imobiliária, que pretendia construir um edifício de apartamentos num terreno na calçada da Arrábida.

Na primeira sessão de julgamento, o autarca explicou que só passou a procuração ao advogado Pedro Neves de Sousa, externo ao município, em dezembro de 2013, cerca de dois meses após tomar posse como presidente da câmara, porque o seu então chefe de gabinete, o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, lhe disse que devia assinar o documento, pois, só assim, estariam salvaguardados os interesses do município no litígio judicial.

"Não iria aos serviços jurídicos perguntar: isto está certo? Claro que iriam dizer que está certo. A procuração é passada pela direção dos serviços jurídicos da Câmara Municipal do Porto. Perante a minha dúvida, fiz aquilo que qualquer cidadão faria. Não responsabilizando o Dr. Azeredo Lopes por nada, assumo a responsabilidade de ter assinado a procuração. Não sei se os serviços jurídicos sabiam da minha ligação à Selminho", declarou Moreira.

A procuração permitiu ao advogado, em nome do município, chegar a acordo com a Selminho, o qual previa o reconhecimento da edificabilidade do terreno em causa, por alteração do Plano Diretor Municipal (PDM), ou, caso isso não fosse possível, indemnizar a Selminho num valor a ser definido em tribunal arbitral.

Perante o coletivo de juízes, presidido por Ângela Reguengo, o autarca afirmou que "nunca" teve qualquer intervenção direta no processo, acrescentando que não conhece nem nunca falou com o advogado Pedro Neves de Sousa, nem deu instruções ou explicações "sobre processos jurídicos".

Questionado sobre quem na Câmara do Porto sabia da sua ligação familiar à Selminho, Rui Moreira respondeu que o seu chefe de gabinete sabia, desconhecendo se os serviços jurídicos também tinham esse conhecimento.

Moreira disse ainda que, depois de assumir a presidência, os serviços da câmara deram-lhe conhecimento de "três ou quatro processos urgentes", nomeadamente com a EDP, com a construtora Soares da Costa e com o fundo do Aleixo, mas que o processo Selminho não fazia parte desse lote.

Rui Moreira explicou depois que, no primeiro semestre de 2014, a então diretora municipal da presidência, Raquel Maia, lhe disse que "era conveniente" que se declarasse "impedido" de intervir no processo, justificando com o facto de estar a ser negociado um acordo entre as duas partes.

"Assinei [documento de impedimento] e esta foi a minha última intervenção no processo. Disse-me que estava para acontecer uma transação [acordo], mas não me explicou as condições nem me disse em que situação estava a transação", justificou o autarca.

Quanto ao acordo, outorgado após Rui Moreira se ter declarado impedido, foi, segundo o autarca, assinado pela então vice-presidente, Guilhermina Rego.

"Quem assinou o acordo foi a vice-presidente Guilhermina Rego, depois de aconselhada pelos serviços jurídicos e pelos serviços do urbanismo. Ela veio ter comigo e deu-me conhecimento de que tinha outorgado o acordo", referiu Rui Moreira.

À entrada e à saída do tribunal, Rui Moreira escusou-se a prestar declarações aos jornalistas, dizendo que apenas falaria "no final".

O julgamento prossegue à tarde com a inquirição das primeiras testemunhas.

JGS/VYSM // JAP

Lusa/Fim

+ notícias: Norte

Colisão aparatosa entre quatro veículos faz nove feridos em Braga

Nove pessoas sofreram ferimentos considerados ligeiros, ao início da tarde deste domingo, numa aparatosa colisão rodoviária que envolveu quatro veículos ligeiros na Avenida Miguel Torga na freguesia de Nogueira, em Braga, confirmou ao Porto Canal fonte dos Bombeiros Sapadores de Braga.

Colisão em Barcelos faz dois feridos graves

Um acidente entre duas viaturas na freguesia de Mariz, em Barcelos, fez dois feridos graves confirmou fonte do Comando Sub-Regional Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil da Área do Cávado ao Porto Canal.

Há 400 presépios para ver em Barcelos

Em Barcelos desde o início deste mês que estão em exposição em vários espaços mais de 400 presépios de artesãos do concelho. Uma óptima oportunidade para conhecer mais e melhor do artesanato barcelense.