Deputado relator critica postura da administração de António Ramalho

| Economia
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 20 jul 2021 (Lusa) - O deputado relator da comissão de inquérito ao Novo Banco, Fernando Anastácio (PS), deixou hoje críticas à administração liderada por António Ramalho, destacando a "desconfiança da sociedade portuguesa" face ao seu acionista, a Lone Star.

"O facto de não termos conseguido aqui a colaboração dos responsáveis principais do Novo Banco, para nos dizerem quem toma as decisões da Lone Star, acho que é uma questão essencial que marca esta relação", disse hoje Fernando Anastácio na apresentação da versão preliminar relatório que elaborou.

O deputado do PS considerou que "há uma certa desconfiança na sociedade portuguesa relativamente à Lone Star", que a Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução "era uma oportunidade" para "deixar claro quem é que define a estratégia, quem é que está comprometido com o Novo Banco, como é que as decisões são tomadas".

"Não houve essa capacidade. Isso, na minha perspetiva, cria um grau de desconfiança na opinião pública relativamente ao Novo Banco. Isso devia ter sido desfeito e não houve a capacidade, não houve a vontade, não sei, de o desfazer", considerou o deputado socialista.

Fernando Anastácio deixou ainda um reparo "a Byron Haynes [administrador do Novo Banco] e a António Ramalho [presidente executivo], em concreto, e obviamente ao gestor da Nani Holdings [representante da Lone Star em Portugal]", Evgeny Kazarez.

Sobre Kazarez, "ninguém conseguiu perceber bem qual era o papel dele aqui: se escrevia cartas, se criava cartas, se assinava cartas... não é uma questão transparente", aditou o deputado relator.

"Nem sempre, em muitos casos, o interesse do acionista Lone Star é o mesmo interesse do acionista Fundo de Resolução", realçou, apontando ainda a situações que "são suscetíveis de ser interpretadas como um claro conflito de interesses".

"O facto de Byron Haynes ser presidente de um banco, até julho, de um ano, banco esse da propriedade de um fundo internacional que é o Cerberus, e passado dois meses ser 'chairman' do Novo Banco, e a seguir ser vendida uma filial e um pacote de ativos à Cerberus é nitidamente uma situação que coloca no domínio de podermos estar em situações que não são claras", detalhou.

Fernando Anastácio considerou mesmo que "há toda uma postura da administração do Novo Banco que não é de salutar e merece a crítica".

"A administração do Novo Banco diz que é muito escrutinada, com certeza que sim, mas já agora também deve retirar conclusões do escrutínio", concluiu.

JE/JF // CSJ

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