Óbito/Paulo Gaio Lima: Cerimónia laica na despedida do violoncelista quarta-feira em Lisboa
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 18 mai 2021 (Lusa) - O funeral do violoncelista Paulo Gaio Lima realiza-se na quarta-feira, a partir das 17:00, no Cemitério dos Olivais, em Lisboa, onde será cremado, disse à agência Lusa fonte da Orquestra Metropolitana.
A cerimónia é laica, sem velório.
Paulo Gaio Lima, "um músico completo", "generoso em toda a sua essência", que os seus pares recordam como "um dos maiores" da música portuguesa das últimas décadas, morreu na segunda-feira, aos 60 anos, em Lisboa.
Foi um "intérprete de exceção e um músico completo", disse a ministra da Cultura, Graça Fonseca, numa nota de pesar hoje emitida.
"Paulo Gaio Lima marcou a história da música portuguesa, sendo um dos mais prestigiados violoncelistas da sua geração, com reconhecimento nacional e internacional, num percurso profissional extraordinário, tanto enquanto intérprete, como professor", afirmou Graça Fonseca.
O musicólogo Rui Veira Nery, numa publicação na sua página no Facebook, recordou "um dos maiores músicos portugueses das últimas décadas", um "solista e professor extraordinário, mas também como um homem profundamente bom. (...) Não merecíamos esta sua partida", escreveu.
O compositor António Pinho Vargas, que teve em Paulo Gaio Lima um dos seus intérpretes, recordou, por seu lado, o "grande músico" e "querido colega".
Do mesmo modo, o compositor Sérgio Azevedo, lembrou "o Mestre, violoncelista, professor", que se traduzia numa "pessoa excepcional".
A Casa da Música definiu-o como um "violoncelista de excepção".
O conselho de administração do Organismo de Produção Artística, que gere o Teatro Nacional de S. Carlos, a diretora artística do teatro, a soprano Elisabete Matos, e a Orquestra Sinfónica Portuguesa recordaram hoje, "com particular saudade", a primeira apresentação de Paulo Gaio Lima no teatro lírico português, "ocorrida a 14 de abril de 1984, num recital com o pianista Alain Lefèvre, interpretando obras de Grieg, Pierre-Max Dubois e Shostakovich".
"O seu legado permanecerá através das várias gravações que nos deixou, entre as quais o Triplo Concerto de Beethoven ao lado de Pedro Burmester e Gerardo Ribeiro", conclui a mensagem de pesar do Opart.
Nascido no Porto, em 09 de março de 1961, Paulo Gaio Lima foi aluno de Madalena Sá e Costa, no Conservatório de Música desta cidade, e de Maurice Gendron, no Conservatório Superior de Paris, onde viveu durante sete anos.
A par da atividade docente, sobretudo na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML) e na Academia Nacional Superior de Orquestra, do universo da Orquestra Metropolitana, de que foi violoncelo solista (1992-2000), desenvolveu uma carreira como intérprete. Fez parte do Quarteto Verdi de Paris e do Artis Trio, com o violinista Aníbal Lima e o pianista António Rosado. Antes de liderar o naipe de violoncelos da Metropolitana, foi também 'violoncelo solo' convidado da Orquestra Sinfónica do Reno, na Alemanha, em 1987.
Apresentou-se regularmente em festivais de música em Portugal e além-fronteiras, tocou com orquestras em toda a Europa, de Lisboa a Moscovo, e de outros continentes, da China ao Brasil. Foi também um intérprete privilegiado de música contemporânea e das suas formações, entre as quais se recordam Alternance, L'Itinéraire, Poikilon, Divertimento di Milano e o Grupo Música Nova, de Cândido Lima.
Fez a primeira audição de obras de compositores como Pascal Dusapin e Philippe Hersant.
Gravou em disco concertos de Luigi Boccherini, obras de Beethoven, Brahms e Schumann, abordou o repertório para violoncelo, da sua afirmação, no período barroco, à contemporaneidade.
Entre as suas mais elogiadas gravações está "Monodia---Quasi um Requiem", de António Pinho Vargas, com o Quarteto de Cordas Olisipo, e "Poetica dell'Estinzione secondo Mikhail Sergueievitch", do mesmo compositor, no mesmo álbum (EMI/Warner), integrado num conjunto instrumental de câmara, dirigido por Álvaro Salazar.
Foi também intérprete de Carlos Marecos, Cláudio Carneyro, Joly Braga Santos, entre outros compositores portugueses.
A sua atividade pedagógica, sempre presente no seu percurso, expandiu-se igualmente às universidades de Évora e do Minho, e a instituições de Espanha, França, Brasil, Áustria e Estados Unidos da América.
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