Arcebispo de Braga avisa que saída da crise, tal como a de um poço, "é dolorosa"
Porto Canal / Agências
Braga, 09 mai (Lusa) - O arcebispo de Braga avisou hoje que a saída da crise é "dolorosa", tal como uma saída de um poço, e disse que "carregamos com demasiada força" na "tecla" dos direitos e "esquecemo-nos" do correspondente em deveres.
Jorge Ortiga, que discursava na apresentação da plataforma Dar e Receber, um projeto da Cáritas e da Entreajuda, afirmou ainda que a referência à saída dolorosa da crise é "muitas vezes esquecida" pelo Governo, que fala "quase" só de "economia, crescimento económico, sustentabilidade" entre outros termos.
O prelado alertou que a crise ainda vai "durar muito tempo" a passar.
"Crise significa o fundo do poço, mas também significa o início da subida para sair desse mesmo poço. Se estávamos no fundo do poço e estamos agora a iniciar a subida, eu dizia que a subida também é dolorosa. Subir no poço é doloroso", avisou.
Esta é uma "conclusão", apontou, "muitas vezes esquecida, particularmente no discurso político, em termos de Governo", no qual, explanou, "muitas vezes fala-se quase só de economia, crescimento económico, sustentabilidade e tantas outras palavras".
Para Ortiga, a vida "conjuga-se em dois verbos: Dar e Receber" mas, referiu, o verbo receber acaba por ser o eleito pela maior parte de nós.
"Se fizéssemos um questionário anónimo veríamos que a maior parte escolhe o receber", apontou.
"É por isso que carregamos com demasiada força na tecla dos nossos direitos e esquecemo-nos do correspondente dos nossos deveres. Pensamos que é só esperar que a solução venha de outro lado quando, efetivamente, há uma outra maneira de agir", alertou.
O arcebispo de Braga, ressalvando que não ser pessimista, chamou ainda a atenção para o facto de que "a crise vai ainda durar muito tempo" a acabar.
"Se estamos a começar a subida do fundo do poço, isso vai custar", realçou.
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