Norte é a região de menor rendimento por habitante do país, mas foi a que mais contribuiu para aumentar produtividade do trabalho. Mais 16,7% que a Área Metropolitana de Lisboa

 

| Economia
Porto Canal com Lusa

O Norte foi a região que mais contribuiu para aumentar a produtividade laboral entre 2000 e 2017, crescendo 20% quando a Área Metropolitana de Lisboa subiu 3,3%, revelou hoje a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN).

“O Norte, a região de menor rendimento por habitante do país, foi a que mais contribuiu para o aumento da produtividade do trabalho em Portugal entre 2000 e 2017. Trata-se de uma circunstância única na União Europeia (UE), onde as regiões mais desenvolvidas dos diferentes Estados-Membros (regiões-fronteira), maioritariamente as das suas capitais, foram as grandes impulsionadoras desse crescimento”, descreve a CCDRN referindo-se ao relatório Norte Estrutura.

Numa “edição especial” em que a análise não se limita à região mas é comparada com outras zonas nacionais e europeias, o documento refere que, em 17 anos, “Portugal ficou marcado por um fraco ritmo de crescimento da produtividade do trabalho (apenas 15,2%, em termos acumulados), em flagrante contraste com outros países europeus, em particular os da Europa de Leste”, diz a CCDRN.

“A debilidade do ritmo de crescimento da produtividade do trabalho foi especialmente notória e grave no caso da Área Metropolitana de Lisboa, que cresceu apenas 3,3%”, refere o documento.

Em termos comparativos, “a evolução na região do Norte foi bastante mais favorável, tendo registado um crescimento acumulado de 20,0%”, acrescenta.

O relatório destaca que, “apesar da evolução bastante mais favorável” do Norte no conjunto nacional, o crescimento da região foi “modesto no contexto europeu”.

“A produtividade do trabalho na região Norte representou cerca de dois terços do valor médio da UE e das suas regiões mais industrializadas e pouco mais de metade do valor observado nas regiões fronteira”, descreve o Norte Estrutura.

De acordo com a CCDRN, a análise, que recorre a uma base de dados da OCDE [Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico], “contrapõe, de algum modo, hipóteses que têm sido veiculadas em torno da debilidade do crescimento em Portugal, seja pelo aumento das disparidades internas nas trajetórias de crescimento ou pela insuficiente promoção da região-fronteira – neste caso a Área Metropolitana de Lisboa –, em favor de uma prioridade concedida à coesão interna”.

A CCDRN refere que o aumento da produtividade laboral a Norte “terá resultado, sobretudo, de processos de reestruturação do seu principal setor de atividade económica, as indústrias transformadoras, com um crescimento de 51,6%”.

Tal corresponde ao “12.º maior crescimento entre as 21 regiões europeias mais industrializadas incluídas no estudo”.

A CCDRN observa que, paralelamente, as indústrias transformadoras “perderam cerca de 150.000 empregos”.

Acresce que, segundo o relatório, “a região do Norte registou ainda perdas de emprego na construção e no setor primário (100 mil e 50 mil indivíduos, respetivamente)”.

O Norte “beneficiou de transferências moderadas de emprego em favor de atividades económicas mais dinâmicas e inovadoras, como é o caso do terciário superior (atividades de consultoria, científicas, serviços de apoio, informação, comunicação, serviços financeiros e seguros)”.

Nestas áreas, foram criados 64 mil novos postos de trabalho.

Nos “setores mais indiferenciados (comércio, transportes, restauração e hotelaria)”, registou-se uma criação de 60 mil empregos.

O Norte Estrutura é um documento elaborado pela CCDRN que faz uma leitura das tendências socioeconómicas da região a médio e longo prazo.

Nesta edição, o documento faz “uma leitura da mudança estrutural, do crescimento e da convergência da Região do Norte nos contextos nacional e europeu”.

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