Caso de racismo no futebol "prejudica imagem internacional" de Portugal -- MNE

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Porto Canal com Lusa

Redação, 17 fev 2020 (Lusa) - A CGTP considerou hoje "intoleráveis e inaceitáveis" os atos de racismo cometidos no domingo contra o jogador do FC Porto Moussa Marega em Guimarães, acrescentando que outros episódios semelhantes "não têm sido punidos como é devido".

"A CGTP-IN considera intoleráveis e inaceitáveis os actos de racismo cometidos ontem [domingo] no Estádio D. Afonso Henriques em Guimarães contra o jogador Moussa Marega", pode ler-se num comunicado enviado à imprensa pela intersindical.

A confederação sindical agora liderada por Isabel Camarinha defende que "qualquer forma de racismo, xenofobia e discriminação, seja no desporto, no trabalho, na escola ou em qualquer outro local ou circunstância, é sempre inadmissível e incompatível com os princípios e valores da dignidade humana e da igualdade", inscritos na Constituição.

"A verdade é que os episódios de racismo se têm repetido nos estádios nacionais e nem todos têm sido punidos como é devido", salienta ainda a CGTP.

Para a intersindical, "quer as instâncias desportivas, quer o próprio Governo têm-se vindo a demitir das suas responsabilidades nesta matéria e não têm agido em conformidade com a gravidade destes factos que estão a ocorrer cada vez com maior frequência".

"Consideramos, por isso, que nem as instâncias desportivas nem sobretudo o Governo podem continuar a alhear-se dos comportamentos racistas e ou xenófobos ocorridos nos estádios de futebol, os quais devem ser severamente punidos e os seus perpetradores definitivamente banidos destes eventos", conclui o comunicado da confederação sindical.

No domingo, em Guimarães, durante um jogo da 21.ª jornada da I Liga de futebol entre o Vitória de Guimarães e o FC Porto, o avançado maliano dos 'dragões' Moussa Marega abandonou o jogo, após ter sido alvo de cânticos e insultos racistas por parte de adeptos da equipa minhota.

Vários jogadores do FC Porto e do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo, tendo acabado por ser substituído, numa altura em que os 'dragões' venciam por 2-1, resultado com que terminou o encontro.

Ao abandonar o relvado, Marega apontou para as bancadas do recinto vimaranense, com os polegares para baixo, numa situação que originou uma interrupção de cerca de cinco minutos.

Na sequência do sucedido, o Ministério Público já instaurou um inquérito relacionado com os cânticos e insultos racistas dirigidos ao futebolista, que está "em investigação" pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Guimarães, informou hoje a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Vários responsáveis políticos, como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa, já condenaram o episódio.

JE (JP/RBA) // JNM

Lusa/Fim

Bruxelas, 17 fev 2020 (Lusa) -- O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros considerou hoje que os insultos racistas dirigidos no domingo ao futebolista maliano Moussa Marega, no jogo Guimarães-FC Porto, "prejudicam a imagem internacional de Portugal", e põem em causa a "dignidade humana".

"Prejudica a imagem internacional de Portugal e Portugal não merece ser prejudicado assim", disse Augusto Santos Silva, em declarações em Bruxelas, no final de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia.

Para o chefe da diplomacia portuguesa, "mais importante do que isso, [este caso] é mais uma manifestação da negação da dignidade humana".

"E devemos ser intransigentes na negação da dignidade humana", vincou Augusto Santos Silva.

Questionado sobre o caso, o governante notou que "Portugal é um país justamente reconhecido e justamente respeitado, não por não ter racismo -- porque, infelizmente, esse mal existe por muito lado --, mas por o racismo não ter uma expressão social significativa, não ter expressão política [...] nem ocupar o espaço público".

"E, infelizmente, ontem [domingo] no estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, o que se sucedeu foi uma exibição de racismo que, aliás, é crime em Portugal, e da qual resultou uma violentação inaceitável de um cidadão que é jogador de futebol, maliano de nacionalidade, e que tem de ser defendido", lamentou Augusto Santos Silva.

No domingo, o avançado Marega pediu para ser substituído, ao minuto 71 do jogo da 21.ª jornada da I Liga, entre o Vitória de Guimarães e o FC Porto, por ter ouvido cânticos e gritos racistas de adeptos da formação vimaranense, numa altura em que os 'dragões' venciam por 2-1, resultado com que terminaria o encontro.

Jogadores do FC Porto e também do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo.

Vários partidos já se pronunciaram sobre o tema, entre eles o PSD, o PCP e o Bloco de Esquerda.

Também o primeiro-ministro e o Presidente da República já falaram sobre o caso.

Numa publicação na rede social Twitter, António Costa manifestou a sua "solidariedade" com Marega e o "repúdio total" por atos racistas contra o futebolista do FC Porto, esperando que "as autoridades ajam como lhes compete" para impedir que voltem a acontecer.

O Presidente da República condenou os insultos racistas de que Marega foi alvo, lembrando que a Constituição da República é muito clara na condenação do racismo, xenofobia e discriminação.

"A Constituição da República Portuguesa é muito clara na condenação do racismo, assim como de outras formas de xenofobia e discriminação, e o povo português sabe, até por experiência histórica, que o caminho do racismo, da xenofobia, e da discriminação, além de representar a violação da dignidade da pessoa humana e dos seus direitos fundamentais, é um caminho dramático em termos de cultura, civilização e de paz social", considerou Marcelo Rebelo de Sousa, numa declaração à agência Lusa.

ANE/ACC (SMA/PMF) // LFS

Lusa/Fim

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