União de sindicatos diz que ninguém foi "violentado a sair" mas que rescisões podem ser tidas como "despedimento encapotado"
Porto Canal
A União de Sindicatos de Viana do Castelo (USVC) reconheceu hoje que "ninguém foi violentado a sair" dos estaleiros, embora admitindo que a rescisão amigável dos trabalhadores possa ser tida como um "despedimento coletivo encapotado".
"Podemos considerar isso [despedimento coletivo encapotado], não vamos fazer aqui demagogia", disse Branco Miranda, da USVC, questionado no parlamento pela deputada do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Aiveca sobre se o processo de rescisões amigáveis nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) poderia ser visto como um despedimento coletivo encapotado.
A união sindical fala esta tarde na comissão de inquérito parlamentar sobre o processo que levou à extinção e subconcessão dos ENVC.
Reconhecendo que a "extinção pura e simples da empresa" seria "um desastre social para a região", Branco Miranda disse que "ninguém foi violentado a sair porque se tratava de rescisões amigáveis" e os trabalhadores poderiam "tentar acautelar os seus direitos ou cair num precipício".
O sindicalista reconheceu contudo que gostaria de ver a empresa mantida sob a esfera estatal, seja de forma total ou parcial.
"Nós dissemos sempre e continuamos a dizer que o ideal para Viana do Castelo e para o país era que a empresa ficasse nas mãos do Estado, se não na totalidade pelo menos com a maior parte. Tinha a ganhar a região, o país, a economia em toda a sua plenitude", declarou Branco Miranda.
A comissão de inquérito foi criada potestativamente após proposta dos deputados do PCP, do BE e de deputados do PS e tem no seu objeto que deve "indagar" as "circunstâncias e os termos em que foi decidida pelo Governo a extinção da empresa", com o despedimento de todos os seus trabalhadores, e em que foi efetuada a concessão dos respetivos terrenos ao grupo Martifer.