Presidente da Câmara da Trofa pede saída do Governo do ministro "alucinado" do Ambiente
Porto Canal com Lusa
O presidente da Câmara da Trofa pediu hoje a "saída" do Governo do ministro "alucinado" do Ambiente, acusando-o de alinhar a extensão do metro do Porto com a sua pretensão a candidatar-se à liderança da câmara daquela cidade.
Atualizado 24-01-2020 12:07
"João Matos Fernandes, não tendo competências nem conhecendo o país na realidade e estando só a olhar para lóbis, devia era sair do ministério do Ambiente que está a tutelar esta área", afirmou Sérgio Humberto à Lusa, defendendo a passagem da tutela dos transportes para o ministério das Infraestruturas, de Pedro Nuno Santos.
O ministro do Ambiente e Ação Climática afirmou no dia 14, em audição parlamentar, comprometer-se a dar indicação, no prazo de uma semana, para um estudo prévio para encontrar uma solução para o fim da linha de comboio da Trofa, o que até à data não se verificou.
Questionado por escrito pela Lusa na segunda-feira, e verbalmente na terça-feira quando compareceu no Porto para participar no anúncio da compra de novas composições para a Metro do Porto, em nenhum dos momentos o ministro respondeu às perguntas.
Sérgio Humberto, presidente da Câmara da Trofa, reagiu ao silêncio do ministro afirmando: "o ministro João Matos Fernandes, para utilizar um termo simpático, é um alienado e um alucinado no Governo".
"E digo isto, primeiro, porque ele não vive na realidade. Segundo, porque está preocupado em fazer extensões [do metro] na Área Metropolitana do Porto, onde o PS é poder, ou no município do Porto, onde tem intenção de se candidatar à câmara municipal. Terceiro, porque ele não dignifica o cargo que exerce", acrescentou o autarca da coligação PSD-CDS, que lidera o município da Trofa.
A Lusa tentou obter um comentário do ministro do Ambiente, que optou por não responder.
Hoje, relembrando ter sido há uns anos "aprovada por todos os partidos na Assembleia da República a vinda do metro até à Trofa", Sérgio Humberto enfatizou que, "10 dias depois, este ministro, alucinado e alienado da realidade, teve a lata e o descaramento de dizer: 'metro até à Trofa, nunca'".
O autarca mencionou depois a extensão da linha para Gondomar, para Vila d'Este e a linha da Póvoa de Varzim como exemplos que "fazem sentido", para recordar que "na Trofa foi retirado um transporte público, que era o comboio, com o objetivo de instalação do metro, assinado pelo Governo e com fundos comunitários", compromisso que acusou o governante de, ao "não o respeitar, não honrar a política".
Em face disto, pediu a "saída de Matos Fernandes do Governo", ao mesmo tempo que defendeu a passagem da tutela dos transportes para o ministério das Infraestruturas [e Habitação]".
"O ministro Pedro Nuno Santos tem outra sensibilidade, é um ministro presente, que conhece Portugal, que sabe dialogar e que não vê só a capital. Como disse anteriormente, os políticos não são todos iguais", apontou o autarca.
A 14 de julho de 2017, 15 anos depois de ter sido retirado o comboio de via estreita, a Câmara Municipal da Trofa submeteu uma ação contra o Estado Português e contra a Metro do Porto, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel, reclamando o não cumprimento da expansão da linha do metro até à Trofa, que estava consagrada deste no projeto inicial.
Das quatro linhas originárias da primeira fase, projetadas em 1996 no Sistema de Metro Ligeiro da Área Metropolitana do Porto) e construídas pela Metro do Porto, só a linha Campanhã/Maia (ISMAI)/Trofa não foi construída em toda a sua extensão.
Desde fevereiro de 2002 que o serviço ferroviário na linha da CP da Trofa está encerrado, encerramento justificado, à data, com o argumento de tal permitir a construção da linha do metro, sobre o ramal existente, nomeadamente a ligação da Estação da Trindade (no Porto) à Trofa.