Sindicato apela a Cavaco Silva para evitar fecho da Siderurgia Nacional
Porto Canal / Agências
Porto, 13 jun (Lusa) -- O Sindicato dos Trabalhadores das Industrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (Site-Norte) reclamou hoje a intervenção do Presidente da República para "impedir o encerramento" da Siderurgia Nacional.
Em comunicado, o sindicato diz ter "solicitado a intervenção" de Cavaco Silva numa "exposição" enviada ao Chefe de Estado e adianta ter ainda pedido uma reunião ao ministro da Economia e Emprego, Álvaro Santos Pereira, "para defender a manutenção da empresa, do emprego e combater a desindustrialização".
Com o mesmo objetivo, o Site-Norte diz ter também já realizado uma reunião com a Câmara Municipal da Maia.
Em causa está a eventual deslocalização da produção Siderurgia Nacional para Espanha, devido aos custos da energia em Portugal, que se refletem fortemente naquele que é o maior consumidor de eletricidade no país.
Há cerca de um mês, os trabalhadores da empresa dizem ter sido informados desta possibilidade pela administração, tendo, desde logo, apelado à intervenção do Governo.
Com duas unidades fabris em Portugal, no Seixal e na Maia, a Siderurgia Nacional emprega cerca de 750 pessoas em Portugal.
Agora de capitais espanhóis, o grupo tem ainda uma unidade na Galiza.
Adiantando ter-se já reunido com a administração da Siderurgia Nacional na Maia, o Site-Norte diz ter visto confirmados "os rumores sobre a hipótese de encerramento" devido a "dificuldades de mercado, nomeadamente a nível ibérico, e à queda do negócio imobiliário".
"Acrescentou ainda a administração da Siderurgia dificuldades com preços de matérias-primas e, sobretudo, os preços elevados da energia, que pesam muito em alguns problemas que estão a atravessar".
Segundo o sindicato, a administração da Siderurgia na Maia recordou que, em Espanha, "foi possível efetuar um acordo com o respetivo Governo sobre preços energéticos" e que, "no mesmo sentido, foi solicitada a intervenção do Governo português, para ajudar a manter a empresa em Portugal".
Apesar de ter já "realizado reuniões com responsáveis governamentais", a administração da empresa disse ao Site-Norte não ainda obtido "qualquer resultado" e terá salientado que "a viabilidade da empresa em Portugal passa muito por medidas governamentais".
No passado dia 07, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul disse, contudo, acreditar que a Siderurgia Nacional vai continuar em Portugal e que a eventual deslocação para Espanha foi uma forma de pressão.
"Reunimo-nos com a empresa, que não nos deu a garantia de continuidade da Siderurgia em Portugal, mas informou que estão a decorrer negociações com o Governo, que envolvem também a EDP. Nós temos a convicção que foi apenas uma forma de pressão", disse então à Lusa o dirigente sindical Américo Flor.
"De facto, os custos energéticos são mais baixos em Espanha, mas não é só isso que conta. Aqui os salários também são mais baixos. O sentimento dos trabalhadores é que foi uma forma de pressão para conseguir baixar os custos, pois também não se muda assim uma empresa para Espanha", defendeu.
Com 300 trabalhadores ao serviço na Maia, a Siderurgia Nacional, que atualmente é de capitais espanhóis, teve, segundo o sindicato, lucros de 27 milhões de euros e um volume de negócios superior a 468 milhões de euros em 2011.
Em 2012, a unidade do Seixal foi a nona exportadora do país.
PD (AYL) // JGJ
Lusa/fim