Brexit: Negociações com UE foram robustas e vão continuar
Porto Canal com Lusa
Londres, 06 mar (Lusa) - O procurador-geral do Governo britânico, Geoffrey Cox, disse hoje que as negociações com o negociador chefe da UE, Michel Barnier, para alterar o Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia (UE) foram "robustas" e estão em causa detalhes.
"Eu não posso revelar as negociações. Estas são negociações privadas e confidenciais. Mas estamos agora na questão substancial. Ambos os lados trocaram opiniões robustas e fortes", disse hoje, à chegada a Londres desde Bruxelas, em declarações à estação de televisão Sky News.
Cox sublinhou que as "negociações são muito sensíveis" e que o Governo britânico apresentou "algumas propostas, propostas muito razoáveis".
"E agora estamos realmente no detalhe das negociações", vincou, adiantando que deverão ser retomadas em breve.
Geoffrey Cox, que é responsável pelo aspeto jurídico das negociações, esteve reunido na terça-feira com Michel Barnier, durante quatro horas, juntamente com o ministro para o 'Brexit' britânico, Stephen Barclay, tendo as partes saído sem anunciarem qualquer resultado.
"Estamos determinados a concluir um acordo e a levar o 'Brexit' a bom porto", disse Barclay através da rede social Twitter.
A nova ronda de negociações, a quarta para Stephen Barclay desde meados de fevereiro, decorre numa semana crucial para a primeira-ministra britânica, Theresa May, que procura obter novas garantias, na esperança de que o Acordo de Saída seja aprovado pelo parlamento britânico até 12 de março.
Se os deputados britânicos voltarem a rejeitar o acordo, o governo dará ao parlamento a opção de sair da UE sem acordo e se esta também for recusada, May apresentará no dia 14 de março uma proposta de adiamento do 'Brexit' para depois de 29 de março.
O parlamento britânico rejeitou, em janeiro, o acordo de saída que Theresa May negociou com Bruxelas, devido, sobretudo, à inclusão de uma solução de último recurso para manter aberta a fronteira entre as Irlandas.
Este mecanismo de salvaguarda, comummente conhecido como 'backstop', pretende evitar o regresso de uma fronteira física entre a República da Irlanda, Estado-membro da UE, e a província britânica da Irlanda do Norte, e consiste na criação de "um território aduaneiro único" entre a UE e o Reino Unido.
O 'backstop' só seria ativado caso a parceria futura entre Bruxelas e Londres não ficasse fechada antes do final do período de transição, que termina em 31 de dezembro de 2020, e que poderá ser prolongado uma única vez por uma duração limitada.
O 'backstop' é contestado por deputados britânicos eurocéticos, que temem que este mecanismo deixe o país indefinidamente numa união aduaneira, e que reclamam a substituição por uma alternativa ou a limitação temporal da sua aplicação.
BM (APL/AMG) // FPA
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