Municípios acionistas da Valorsul vão pedir a Cavaco Silva que trave privatização
Porto Canal / Agências
Loures, 07 fev (Lusa) -- Os 19 municípios acionistas da empresa de resíduos Valorsul manifestaram hoje a sua oposição à privatização dos capitais da EGF e anunciaram que vão pedir ao Presidente da República, Cavaco Silva, que "trave" o processo.
Em causa está a privatização de 100% da participação do Estado na EGF ('sub-holding' do grupo Águas de Portugal para o setor dos resíduos), aprovada no final do mês passado pelo Conselho de Ministros.
Na ocasião, o ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, adiantou, na altura, que o processo deve estar concluído em junho e que não vai haver um valor mínimo de licitação.
Da EGF, responsável pela recolha, transporte, tratamento e valorização de resíduos, através de 11 empresas concessionárias, faz parte a Valorsul, empresa situada no concelho de Loures que serve 19 municípios da Área Metropolitana de Lisboa e da zona Oeste.
Esta tarde, em conferência de imprensa, representantes dos 19 municípios acionistas e clientes da Valorsul criticaram o processo de privatização e acusaram o Governo de não querer "negociar" com eles.
"É inaceitável que o Estado decida vender a sua participação sem qualquer tipo de diálogo com os sócios e impedindo-os de adquirir a sua própria participação", afirmou aos jornalistas o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa (PS).
O autarca defendeu que a privatização da EGF é "incompreensível", uma vez que se trata de uma empresa "rentável" e com um "sistema tecnológico de ponta".
"Queremos dizer muito claramente que o Estado agiu incorretamente com os municípios, quer como sócios, quer como clientes, quer como fornecedores da matéria-prima da empresa", apontou.
Nesse sentido, António Costa anunciou que os presidentes dos 19 municípios vão enviar uma carta ao Presidente da República, Cavaco Silva a pedir que não homologue o documento de privatização, já aprovado pelo Governo.
A carta que vai ser enviada ao Presidente da República, sublinhou, irá alertar para o facto de o Governo não ter negociado com os municípios sócios da Valorsul o futuro da empresa.
Os autarcas deixaram ainda em aberto a possibilidade de deixarem de fornecer matéria-prima à Valorsul, caso o Governo concretize o processo de privatização da EGF.
"Se o respeito pelas participações e interesses dos municípios foram completamente ignorados pelo Governo, naturalmente que os municípios não estão obrigados a cumprir os compromissos que regem o acordo com esta empresa", afirmou o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares (CDU).
Além de Lisboa e Loures, a Valorsul serve os municípios de Alenquer, Amadora, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Cadaval, Lourinhã, Nazaré, Odivelas, Peniche, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira.
FYS (RCR) // ROC
Lusa/fim