Tancos: Inquérito arranca hoje em ambiente de tensão entre CDS e esquerda

| País
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 22 nov (Lusa) -- A comissão de inquérito ao furto de material militar em Tancos começa hoje os seus trabalhos, no parlamento, em ambiente de tensão entre o CDS e os partidos de esquerda, PCP, PS e BE.

O objetivo da comissão, lê-se na resolução do CDS-PP aprovada no parlamento em 26 de outubro, é "identificar e avaliar os factos, os atos e as omissões" do Governo "relacionados direta ou indiretamente com o furto de armas em Tancos", de junho de 2017, data do furto, ao presente, e "apurar as responsabilidades políticas daí decorrentes".

A lei fixa em 180 dias o prazo para a conclusão de um inquérito parlamentar, podendo, porém, ser decidido o prolongamento do mandato por mais 90 dias.

Hoje, os deputados vão votar o regulamento e decidir a metodologia de trabalho, incluindo as entidades e personalidades a ser ouvidas.

Os centristas, através do deputado Telmo Correia, acusaram os três partidos de, "no limite", estarem a pôr "entraves e dificuldades" ao inquérito por defenderem a devolução dos documentos enviados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), e em segredo de justiça, na posse da comissão parlamentar de Defesa Nacional, em vez de os remeter à comissão de inquérito.

Na segunda-feira, PS, PCP e BE exigiram que toda a documentação enviada pela PGR sobre o furto de Tancos, em segredo de justiça, deve ser devolvida e não transferida para a comissão de inquérito.

A proposta com vista à devolução à PGR dos documentos foi feita pelo PCP, em 31 de outubro, e teve o apoio de socialistas e bloquistas, reafirmada depois pelos coordenadores do PS (Ascenso Simões) e João Vasconcelos (BE).

Em 11 de outubro, a PGR enviou ao parlamento um conjunto de documentos com "informação processual" relativa ao furto de material militar dos paióis de Tancos, na sequência de um requerimento da iniciativa do CDS-PP visando que o titular da investigação criminal esclarecesse se, de facto, a lista do material militar furtado e a lista do que foi recuperado estava em segredo de justiça, como alegou em julho o ex-chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, para não a entregar na Assembleia da República.

Na altura, Marco António Costa, presidente da comissão, solicitou um esclarecimento adicional à PGR sobre quais os documentos enviados estavam em segredo de justiça para, em função da resposta, a comissão decidir como os manusear.

A resposta chegou em 30 de outubro, através de uma carta assinada pelo procurador que conduz o processo, João de Melo, na qual clarificava que não se opunha à divulgação das listagens da Polícia Judiciária Militar do material furtado e do material recuperado alguns meses depois, na Chamusca, Santarém.

Além das listagens do material furtado participado pela PJM em 29 de junho de 2017, a Procuradoria Geral da República enviou ao parlamento outros elementos do processo, mas entendeu que sobre esses documentos "deve ser mantido o segredo de justiça" por quem os consultar.

O furto do armamento dos paióis de Tancos foi noticiado em 29 de junho de 2017, e, quatro meses depois, foi recuperada parte das armas.

Em setembro, a investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR e foi nessa altura que o CDS anunciou a comissão de inquérito, aprovada apenas com a abstenção do PCP e do PEV.

Este caso já levou à demissão do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, substituído por João Gomes Cravinho, e do Chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte.

NS (SF) // ZO

Lusa/fim

+ notícias: País

Montenegro quer português como língua oficial da ONU até 2030

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, quer que os países parceiros na CPLP alinhem posições para que o português seja reconhecido como língua oficial das Nações Unidas até 2030, considerando que "seria um justo reconhecimento".

Sindicato dos Profissionais de Polícia repudia comunicado do MAI sobre remunerações

O Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP/PSP) reiterou que não aceitará qualquer tentativa de induzir os cidadãos em erro, nem de discriminação dos polícias, numa reação ao comunicado emitido no sábado pelo Ministério da Administração Interna (MAI).

FC Porto vai ter jogo difícil frente a Belenenses moralizado afirma Paulo Fonseca

O treinador do FC Porto, Paulo Fonseca, disse hoje que espera um jogo difícil em casa do Belenenses, para a 9.ª jornada da Liga de futebol, dado que clube "vem de uma série de resultados positivos".