Escolha do Nobel da Paz "muito importante e significativa"

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 05 out (Lusa) - A atribuição do Prémio Nobel da Paz a Denis Mukwege e Nadia Murad foi hoje considerada "muito importante e significativa" pela ativista portuguesa Adriana Costa Santos, co-presidente da Plateforme Citoyenne de Soutien aux Réfugiés, em Bruxelas, na Bélgica.

Contactada pela agência Lusa, a ativista dos direitos humanos que dá apoio de alojamento a refugiados na Bélgica, salientou o trabalho do médico congolês Denis Mukwege e da ativista de direitos humanos Nadia Murad no apoio "a mulheres que habitualmente não têm voz".

O Comité Nobel norueguês justificou a decisão com os esforços dos dois laureados para acabar com a violência sexual como arma nos conflitos e guerras de todo o mundo.

Adriana Costa Santos disse à Lusa que "todas as semanas acontecem violações de mulheres por parte de traficantes de seres humanos, ou outras pessoas que encontrem no caminho", a percorrer para entrar na Europa.

"Como não têm documentos, as suas queixas nem sequer são ouvidas. Esta negligência [por parte das autoridades responsáveis] é uma forma de cumplicidade", criticou a vencedora do Prémio Cidadão Europeu 2017 do Parlamento Europeu.

Acrescentou que, tanto a plataforma na qual trabalha, como todas as associações que trabalham com as questões dos refugiados na Europa, pedem aos Estados europeus vias seguras e legais para que viagem sem maus tratos dos traficantes de seres humanos.

"Sabemos que para muitas das mulheres refugiadas o corpo é uma moeda de troca nestes casos, para se protegerem, e uma realidade muito pouco denunciada", alertou.

Por essa razão, sublinhou sobretudo o trabalho de Nadia Murad, e a sua distinção, com o Nobel da Paz,"porque dá voz a todas as mulheres que não a têm".

"A maior parte das vítimas de violência sexual no mundo e em conflitos armados, toma uma posição de silêncio e de vergonha que é apoiada pela cultura e sociedade locais. As mulheres corajosas deste mundo dão voz a outras que não a têm. É uma boa notícia que sejam valorizadas", vincou.

Denis Mukwege, com 63 anos, é um médico ginecologista congolês que tem desenvolvido uma ação humanitária na República Democrática do Congo, onde trata mulheres vítimas de violação.

O médico é um dos maiores especialistas mundiais na reparação e tratamento de danos físicos provocados por violação, e no seu hospital em Bukavu trata mulheres que foram violadas por milícias na guerra civil do Congo.

Durante os 12 anos de guerra tratou mais de 21 mil mulheres, algumas mais do que uma vez, chegando a fazer mais de dez cirurgias por dia.

Mukwege também já foi galardoado com os prémios Olof Palme (2008), Sakharov (2014) e veio a Portugal receber o Prémio Calouste Gulbenkian em 2015.

Nadia Murad é uma ativista de direitos humanos yazidi e é, desde setembro de 2016, a primeira Embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico Humano das Nações Unidas.

Murad, então com 21 anos, foi sequestrada pelo grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante em agosto de 2014 e mantida como escrava sexual na cidade de Mossul.

Nadia Murad fugiu em novembro de 2014, conseguindo chegar a um campo de refugiados no norte do Iraque, e, em seguida, a Estugarda, na Alemanha.

Desde então tem sido porta-voz da causa yazidi, tal como a sua amiga Lamia Haji Bachar, com a qual venceu, em conjunto, o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu em 2016.

Estima-se que mais de 3.000 yazidis permaneçam desaparecidos.

No ano passado, o prémio foi atribuído à Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, em inglês), pelo trabalho feito para a eliminação de armamento nuclear no mundo.

AG (PMC/RCS) // JPF

Lusa/Fim

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