Administração do Hospital Gaia/Espinho diz não ter recebido nenhum pedido de demissão

Administração do Hospital Gaia/Espinho diz não ter recebido nenhum pedido de demissão
| Norte
Porto Canal com Lusa

A administração do Centro Hospitalar de Gaia/Espinho afirmou esta quarta-feira não ter recebido qualquer pedido de demissão das dezenas de diretores que se declararam demissionários numa carta em que protestavam contra "condições indignas" de trabalho.

O presidente do conselho de administração, António Alves, disse hoje perante os deputados da Comissão Parlamentar de Saúde que não foi recebido "nenhum pedido de demissão de diretor de serviço com uma data e uma assinatura para poder ser despachado".

"Não há nenhum pedido de demissão apresentado", nem do diretor clínico, reforçou António Alves, que na audição requerida pelo CDS-PP insistiu que há uma estratégia para resolver os problemas do centro hospitalar e que depende essencialmente do começo da próxima fase de obras planeada.

Os deputados da comissão tinham ouvido na terça-feira os 52 profissionais demissionários, classificando como "legítimas" as suas pretensões de condições de trabalho mais dignas para a prestação de melhores cuidados de saúde aos utentes.

Hoje, a deputada do CDS-PP Cecília Meireles, que terça-feira classificou de "impressionantes" os relatos que ouviu no hospital de Gaia, afirmou que havia "uma coisa muito estranha a passar-se", dizendo a António Alves que os diretores clínicos "ou não falam com o conselho de administração ou então o conselho de administração não os ouve ou acha que não têm razão".

Cecília Meireles salientou que o que interessa é se os problemas apontados "são reais ou não" e que "têm que ser tratados com verdade", lembrando que há queixas de "falta de camas e doentes a recusarem internamentos por não aceitarem as condições a que estão sujeitos".

António Alves admitiu que houve adiamento de cirurgias por falta de camas e classificou como "um calvário" o processo de requalificação do hospital em obras sucessivas, para as quais eram lançados concursos, mas que os concorrentes acabavam por recusar porque lhes era pedido para fazerem demasiado para o dinheiro que iriam receber.

Assim, o trabalho foi ficando incompleto de uma fase para outra.

Para o presidente do conselho de administração, a terceira fase de obras "é decisiva, urgente e resolve os problemas dos serviços", a braços com "problemas graves de instalações" e isso já foi dito aos diretores.

Acrescentou que já teve garantias da tutela de que a fase de obras seguinte pode avançar e que permitirá conseguir, quando terminada, aumentar o bloco operatório em oito salas, fazer serviços novos de gastroenterologia, broncologia, aumentar as urgências em metade do tamanho atual e dotar o serviço de neurocirurgia de mais 30 camas.

Quanto às necessidades de pessoal, estimou que são precisos "80 enfermeiros e 40 assistentes operacionais", notando que houve muitas saídas, muita emigração de pessoal que não foi sendo substituído.

António Alves afirmou esperar que a terceira fase possa começar a 31 de junho do ano que vem.

A 05 de setembro o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos anunciou a demissão dos diretores e chefes de serviço do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E).

Os 52 profissionais redigiram uma carta de demissão em julho, altura em que ponderaram demitir-se, mas só no início deste mês concretizaram essa intenção.

Em conferência de imprensa, no Porto, o diretor clínico demissionário José Pedro Moreira da Silva apontou então como causas para a demissão coletiva as "condições indignas de assistência no trabalho e falta de soluções da tutela".

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