Diretores do Hospital de Gaia deixam funções em outubro se Governo nada fizer
Porto Canal com Lusa
O diretor clínico e os 51 chefes de equipa do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, que se demitiram, abandonam funções a 06 de outubro se o Governo não der nenhum “sinal positivo”, avançou esta segunda-feira à Lusa o bastonário.
“A partir de dia 06 de outubro, se o Governo não mostrar nenhum sinal positivo, os clínicos deixam de exercer as suas funções de chefia, o que trará consequências muito graves ao centro hospitalar”, anunciou o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, na sequência de informações obtidas junto de alguns dos demissionários.
É “fundamental” que quem detém o poder político na área da Saúde dê um “sinal positivo” de que vai haver mudanças e, caso esse seja dado, os profissionais demissionários suspendem a sua decisão, referiu.
Segundo Miguel Guimarães, “um dos sinais positivos” seria substituir o presidente do Conselho de Administração que, considerou, “nada fez” para alterar a atual situação de degradação do centro hospitalar.
“Ele nem sequer está solidário com os médicos, o que me deixa muito desagradado”, comentou.
Outros dos indícios de que “a mudança vem caminho” seria consagrar no Orçamento de Estado para 2019 algumas das obras necessárias a realizar no centro hospitalar, afirmou.
Neste momento, o Governo tem a “faca e o queijo na mão”, considerou, acrescentando ter “várias possibilidades” para dar “sinais positivos”.
O bastonário lembrou que é necessário renovar equipamentos, alguns deles já ultrapassados, falando a título de exemplo na necessidade de adquirir um angiógrafo ou de modernizar alguns ecógrafos, assim como possibilitar contratações diretas, à semelhança do que aconteceu noutros centros hospitalares do país.
“Há aqui sinais que podem, desde já, ser dados. Se não for dado nenhum sinal fica tudo na mesma e os profissionais não têm condições para continuar a chefiar os serviços”, referiu.
Miguel Guimarães considerou que os problemas são antigos e que não podem ser resolvidos de um dia para o outro, mas lembrou que se não se resolverem pioram, que é o que já está a acontecer.
Frisando que os médicos “não estão a brincar” e que a situação é “muito séria”, o bastonário ressalvou que estes não tomaram esta decisão de “ânimo leve”, estando em causa a prestação de melhores cuidados de saúde aos doentes e não melhores vencimentos.
Em tom de alerta, o bastonário avisou que “mais novidades vêm a caminho”, sendo possível que “mais alguma coisa venha a acontecer” nos próximos dias.
Se o primeiro-ministro não fizer nada, disse, as demissões vão repetir-se em mais hospitais do país porque os médicos não estão satisfeitos e estão a fazer um “esforço enorme” para manter os serviços a funcionar.
“Os médicos estão numa situação complicada porque estão a ser demasiado desconsiderados, não podendo António Costa desprezar o que se está a passar”, entendeu.