Risco de incêndio pode vir a ser maior na zona afetada de Pedrógão Grande

Risco de incêndio pode vir a ser maior na zona afetada de Pedrógão Grande
| País
Porto Canal com Lusa

O risco de incêndio na zona afetada pelo grande fogo de junho de 2017 pode vir a ser maior do que aquele que existia antes, alerta o especialista em ciências florestais Joaquim Sande Silva.

Um ano depois, a paisagem na zona consumida pelo grande incêndio de Pedrógão Grande, que provocou a morte a 66 pessoas, é marcada por árvores mortas que continuam de pé, assim como pelos eucaliptos que vão regenerando por todo o lado, atingindo já os dois metros de altura, sendo o grande sinal de verde que se vê por entre as montanhas da região.

O professor da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC) Joaquim Sande Silva sublinha que as árvores que ficam de pé não trazem grande risco de incêndio. No entanto, a história é outra quando se fala da regeneração dos eucaliptos.

"Estão todos a rebentar e, daqui a um ou dois anos, é como se não se tivesse passado nada", sublinha, referindo que aquilo que se prevê em termos de evolução do território é que "venha a ser mais dominado pelo eucalipto do que até agora".

Para além da grande capacidade que tem de recuperar - 90% das árvores regeneram -, "ainda se adicionam as plantas jovens de eucalipto que terão começado a despontar através de sementeira", disse à agência Lusa Joaquim Sande Silva, um dos 12 peritos que integraram a Comissão Técnica Independente de análise aos incêndios de junho.

Quando passa um fogo, os frutos do eucalipto abrem e libertam as sementes, sendo "uma espécie de sementeira natural, e contribuem para aumentar a densidade dos eucaliptos" que havia no terreno, explicou.

A consequência do comportamento desta espécie muito adaptada ao contexto de incêndios passa por um sistema "mais dominado por eucaliptos e com uma maior densidade", referiu.

Por isso, Joaquim Sande Silva acredita que, entre cinco a dez anos, o território afetado pelo grande fogo de Pedrógão Grande terá "um maior risco de incêndio do que aquele que havia antes" de junho de 2017, caso não haja medidas de gestão do território.

A acrescentar a uma maior densidade, as sementes podem percorrer "várias dezenas de metros", ocupando território onde não tinham sido plantadas.

"Uma forma fácil de identificar esse comportamento [da espécie] é olhar para as bermas das estradas, em que é impressionante a densidade de eucaliptos que surgem", realçou.

Na equação, não poderá ser esquecida a acácia - uma espécie com um potencial invasor superior ao do eucalipto e que também está presente na região.

Também com os fogos, há a possibilidade de aumentarem a sua área de implantação, o que também vai "agravar o risco de incêndio", frisou.

A solução teria de passar por uma gestão efetiva do território, sendo que, no caso de Pedrógão Grande, "não se vislumbram formas de conseguir gerir aqueles milhares de micro parcelas pertencentes a pequenos proprietários privados".

"Sinceramente, não vejo uma solução à vista, nem vejo o Governo a dar passos decididos e seguros nessa matéria", contou à Lusa Joaquim Sande Silva.

Para o especialista, para se reduzir a densidade de eucaliptos na região seria necessário o arranque ou morte das toiças das árvores, que obrigam a operações "extremamente caras", que nenhum proprietário tem disponibilidade para fazer.

+ notícias: País

Primeiro, a Aurora. Depois, o meteoro. Portugueses já preparam fenómeno do próximo fim-de-semana

Os últimos fins-de-semana ficaram marcados por fenómenos inéditos em Portugal que tiveram sempre como protagonista o céu. Depois de uma aurora boreal que pintou de rosa a noite de 10 para 11 de maio, neste fim-de-semana foi a vez de um forte clarão rasgar os céus portugueses. Estes dois eventos, muito raros em território nacional, estão a ser abundantemente comentados e uma das perguntas mais feitas é: o que aguarda o próximo sábado e domingo?

Meteoro avistado em Portugal não atingiu a superfície terrestre

Um bólide, ou meteoro de grandes dimensões, foi visto nos céus portugueses e espanhóis no final da noite deste sábado, por volta das 23h50. O fenómeno provocou um rasto de luz verde, segundo vários relatos partilhados nas redes sociais.

Balcão de Denúncia online para migrantes e refugiados lançado esta terça-feira

O coletivo Humans Before Borders, estudantes da Escola Superior de Educação do Porto e um grupo de migrantes e refugiados vão lançar, na terça-feira, um balcão de denúncia online para registar queixas e recolher testemunhos.