Vinte anos de crónicas "O Homem do Leme" reunidos em livro

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 16 abr (Lusa) - Vinte anos das crónicas "O Homem do Leme", do Jornal de Letras, passam agora a livro, que reúne alguns dos textos do jornalista Manuel Halpern, o homem que tem estado ao leme desta coluna quinzenal, desde que a criou.

O título da rubrica -- assim designada, porque nem sempre foi crónica -- foi inspirado no marinheiro que responde ao Mostrengo, no poema de Fernando Pessoa, e não na música dos Xutos & Pontapés, ao contrário do que se possa pensar e apesar de ter nascido como uma coluna sobre música.

Nem sempre foram crónicas e, feitas as contas, foram escritas mais de 500, mas nem todas foram resgatadas para o livro, até porque "muitas delas pertencem apenas àquela edição de jornal em que foram publicadas, e dali -- daquele tempo e daquele contexto -- não devem sair".

Quem o explica é o próprio Manuel Halpern, autor e criador da coluna "O Homem do Leme", no prefácio ou, melhor dizendo, no "aviso à navegação", no início do livro, com o mesmo título, que é editado pela Rosa de Porcelana e lançado na terça-feira, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, com apresentação do escritor José Luís Peixoto.

Para o livro, foi feita uma seleção de centena e meia de crónicas, que aparecem sempre com a indicação da data e da edição do jornal, porque "nunca é indiferente o tempo em que os textos são escritos", explica o autor, adiantando que nessa organização que fez, deu o seu melhor para "desorganizar as páginas de forma lógica".

Além de ter criado, assim, as condições para uma "leitura aleatória, saltitada, intermitente", o jornalista fez uma seleção de crónicas, baseada em critérios -- "discutíveis", admite -- de qualidade e diversidade, temática e temporal.

As crónicas aparecem desdobradas em "Ficções", "Fricções", "Referências" e "Minudencias", uma catalogação feita apenas para o livro, já que, quando foram escritas, foram pensadas apenas para ocupar o espaço no jornal que lhes estava destinado.

A história das crónicas quinzenais do Jornal de Letras (JL) acompanham a história de jornalismo do seu autor, tendo nascido ambos na mesma altura: "O Homem do Leme" e o jornalista, em 1998, quando Manuel Halpern entrou como estagiário na publicação que, na altura, pertencia ao grupo suíço Edipresse, que detinha também a Visão e o 24 Horas.

Naquela altura, pairava sobre a redação "uma nuvem de fumo, vernáculo e poesia". "E eu inspirava aquele ar com urgência e afinco, na esperança de tossir jornalismo e cultura", conta.

Manuel Halpern recorda que "ainda ninguém sabia muito bem para que servia a Internet" e os próprios computadores tinham chegado há pouco tempo aos jornais.

Numa reunião, o diretor do jornal, José Carlos de Vasconcelos, pediu aos estagiários ideias para a estrutura do quinzenário e foi então que Manuel Halpern decidiu arriscar, e propôs-se escrever sobre música pop e criar uma coluna sobre 'sites' culturais na Internet.

Arriscou e ganhou: as duas ideias concretizaram-se, mas em boa parte devido ao "insano apoio" do editor, José Manuel Rodrigues da Silva, reconhece.

"Sobre os discos dizia-me: 'Escreve sobre o que quiseres desde que não me obrigues a ouvir'. E sobre a coluna aconselhou-me: 'Se estiver pronta antes das outras coisas, é mais provável que vá para a frente'", recorda Manuel Halpern.

Inicialmente, a coluna não teve o nome que o jornalista queria, porque tanto o diretor como o editor consideraram que o título deveria conter a palavra Internet.

Assim, surgiu "Ao Leme da Internet", um roteiro de 'sites' que, com o tempo, se foi transformando e ganhando forma, até se tornar uma crónica propriamente dita, que falava sobre tudo, até sobre Internet e tecnologia.

Vinte anos depois, "O Homem do Leme" convida os leitores a embarcarem, na sua companhia, nesta nova viagem. Na terça-feira, o barco está de partida.

AL // MAG

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