Reduzir a imigração significa a destruição da economia, defende especialista em migrações

Reduzir a imigração significa a destruição da economia, defende especialista em migrações
Lusa
| País
Porto Canal / Agências

O geógrafo e sociólogo holandês Hein de Haas considera que os imigrantes não roubam empregos nem baixam os salários e que se os países quiserem ter menos estrangeiros podem fazê-lo, destruindo a sua economia.

“Quando o crescimento económico é elevado e o desemprego está a diminuir, chegam muitos imigrantes. Quando a economia está em recessão e o desemprego está a aumentar, vêm menos imigrantes e muitos regressam. Portanto, de certa forma, a melhor maneira de reduzir a imigração é destruir a economia”, disse em entrevista, por escrito, à agência Lusa.

Considerado um dos maiores especialistas em migrações, Hein de Haas esteve recentemente em Portugal a participar numa conferência organizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre o tema.

Sobre a situação em Portugal, país que tem acolhido cada vez mais imigrantes de várias origens, Hein de Haas indicou: “Os imigrantes preenchem vagas, para as quais não encontramos trabalhadores portugueses em número suficiente que estejam dispostos e sejam capazes de fazer esses trabalhos de baixo estatuto e pouco atrativos”.

“Este facto tem a ver com o aumento do nível de educação dos portugueses, bem como o declínio das taxas de natalidade e o envelhecimento. Isto significa que os jovens aspiram a empregos qualificados e que a escassez de mão-de-obra, em especial nos empregos menos qualificados, aumentou”, prosseguiu.

Questionado sobre a relação de Portugal com os imigrantes, tratando-se de um país com uma forte emigração, o especialista reconheceu que seria espectável uma maior compreensão, mas que isso é frequente em “muitos países com uma longa história de emigração” que “esquecem rapidamente o seu próprio passado", acrescentando que isso "foi o que aconteceu em Itália, na Grécia ou na Irlanda”.

“Isto também se deve ao facto de os políticos criarem muitas vezes receios em relação à imigração ou se envolverem em bodes expiatórios da imigração para ganharem apoio e desviarem a atenção do facto de as suas próprias políticas económicas e sociais, e não os imigrantes, serem as principais causas de problemas, como a crescente insegurança no emprego, a falta de habitação a preços acessíveis ou o aumento do custo de vida”, avançou.

Sobre a criminalidade, recordou que esta é muito baixa em Portugal, “particularmente no que diz respeito à criminalidade violenta”, e que está a diminuir, em vez de aumentar”.

“Estudos internacionais realizados nos Estados Unidos e no Reino Unido sugerem antes o contrário, que os imigrantes tendem a ser menos criminosos, uma vez que são trabalhadores, têm uma mentalidade empreendedora e o controlo social é frequentemente elevado. É claro que existem sempre exceções, mas estas não são representativas”.

Por isso, considera que a atribuição do mal da sociedade aos imigrantes interessa, sobretudo, a “certos políticos que utilizam o medo dos imigrantes para obter apoio”.

Sobre as respostas da Europa a este fenómeno das migrações, Hein de Haas elegeu como principal problema “o grande fosso entre a grande e crescente procura de trabalhadores migrantes menos qualificados, devido à crescente escassez de mão-de-obra, e à falta de canais de migração legal para satisfazer essa procura”.

“O resultado é que as pessoas atravessam as fronteiras ilegalmente para encontrar trabalho, ou chegam legalmente, mas acabam por ultrapassar o período de validade dos seus vistos. Ambos os fenómenos ocorrem em Portugal”, disse.

E concluiu: “A única forma de resolver esta situação é diminuir a procura de mão-de-obra e aumentar drasticamente o controlo governamental sobre os empregadores e todo o mercado de trabalho, ou criar mais canais legais para os trabalhadores estrangeiros, para que os governos tenham um melhor controlo sobre quem vem”.

“Não há uma maneira fácil de contornar esta situação, porque não se pode ter uma economia aberta e próspera e ter muito menos imigração. Nesse sentido, os governos não podem ter o seu bolo e comê-lo também”.

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