Timor-Leste/Eleições: PR timorense apela a campanha sem ódio e sem insultos
Porto Canal com Lusa
Díli, 20 fev (Lusa) - O Presidente timorense apelou hoje para que a campanha para as eleições antecipadas de 12 de maio seja feita num ambiente de cordialidade e unidade, evitando insultos e ataques, divisões na sociedade e ações de ódio e de vingança.
Numa mensagem à nação, Francisco Guterres Lu-Olo pediu a participação máxima dos eleitores, num momento em que têm a oportunidade, através das urnas, de deixar uma mensagem política, e enviou recados aos partidos e aos seus militantes.
"Não podemos permitir que o período de campanha seja usado como pretexto para uma troca de ofensas e discórdia fundamentadas em ideologias (autonomista versus nacionalista), religião, raça, frente clandestina versus frente armada versus frente diplomática", disse Lu-Olo na mensagem divulgada pelo seu gabinete.
O chefe de Estado acrescentou que a nação de Timor-Leste é uma "só família".
"Apenas aqueles que não amam o Povo de Timor-Leste é que aproveitarão a campanha para dividir o Povo, cultivar sentimentos de ódio ou promover a vingança", disse ainda.
A mensagem surge num momento em que a pré-campanha está a ser marcada, nas redes sociais, por ataques, críticas e insultos pessoais e políticos, com a tentativa de transformar a campanha numa luta entre as várias frentes que, no passado, combateram a ocupação indonésia.
Ainda que desde sempre todos os líderes timorenses tenham defendido que a luta contra os indonésios se deveu à colaboração das três frentes - armada, clandestina e diplomática -, a pré-campanha procura colocar esses pilares em confronto.
Alguns militantes ligados aos partidos da oposição e até alguns artigos na imprensa nacional têm vindo a sugerir que as eleições antecipadas previstas para maio colocarão frente-a-frente de um lado homens da frente armada como Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak - líderes dos maiores partidos da oposição, CNRT e PLP, respetivamente - e do outro líderes da frente diplomática, como Mari Alkatiri e José Ramos-Horta, juntos no Governo.
Lu-Olo mostra-se convicto que as eleições terão "altas taxas de participação, transmitindo assim uma mensagem clara aos políticos".
Agora, adiantou, aproxima-se o momento em que os partidos e as coligações farão a sua campanha, dando a conhecer os seus programas para reforçar a qualidade da educação, dinamizar a economia nacional e melhorar a vida da população.
"O Presidente da República, como pai da Nação, lembra e pede a todos vós que respeiteis o Povo de Timor-Leste. Os jovens, homens e mulheres têm de curvar-se perante os mais velhos e os seus semelhantes", insistiu Lu-Olo.
O Presidente timorense acrescentou que "a campanha não pode ser usada como um momento de divisão do Povo".
"A campanha deverá reforçar a unidade entre o Povo através do programa que melhor serve as necessidades do Povo", considerou.
A mensagem de Lu-Olo, que incluiu uma declaração em vídeo para transmitir hoje nas televisões do país, coincide com o arranque do calendário do processo eleitoral para as eleições antecipadas de 12 de maio, aprovado pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral.
Na sua mensagem, o chefe de Estado disse que o povo timorense tinha dado ao mundo um "exemplo de maturidade, compreendendo e aceitando a decisão do Presidente da República convocar eleições antecipadas".
Lu-Olo agradeceu ainda a colaboração da Igreja Católica e restantes confissões religiosas pelo seu papel em "ajudar a explicar a situação" e aos líderes da sociedade civil, jovens, veteranos, académicos e partidos políticos por acolherem a decisão.
"A nossa cultura e democracia não nos ensinaram a insultarmo-nos uns aos outros! O nosso Povo não tolera este tipo de comportamentos nem a falta de respeito pelos pais, pelos governantes. Chegou o momento de darmos as mãos", apelou.
Considerando que cabe a todos "trabalhar em equipa em prol da Paz e do desenvolvimento, da estabilidade e do progresso", Lu-Olo salientou que "chegou o momento" de ir às urnas empenhados em defender "os interesses do povo e deste país".
A campanha para as eleições durará um mês e termina dois dias antes do voto, marcado para 12 de maio.
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