Marginal do Porto fechada até terça-feira após onda que arrastou carros
Porto Canal / Agências
Porto, 06 jan (Lusa) - A marginal da Foz do Porto, onde uma onda de grandes proporções provocou vários feridos e arrastou dezenas de carros, vai ficar cortada ao trânsito até às 10:00 de terça-feira, disse à agência Lusa o vereador da Proteção Civil.
Manuel Sampaio Pimentel adiantou que até essa hora irão ser avaliados os danos e vai ser limpa a via da areia e dos detritos transportados pelo mar.
O Centro Social e Paroquial da Foz, onde funcionam um centro de dia para idosos e uma creche, fechou hoje mais cedo por prevenção, a pedido da Proteção Civil, dado situar-se razoavelmente perto do local onde o incidente ocorreu.
Manuel Sampaio Pimentel adiantou que na terça-feira deverá ser revisto o dispositivo de segurança dissuasor das pessoas que têm procurado a costa para ver as vagas provocadas pelo mau tempo.
O presidente da União de Freguesia de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, Nuno Ortigão, adiantou à Lusa que o bar Shis, situado na praia do Ourigo e que já tinha sido afetado pelo mau tempo no sábado, sofreu danos muito significativos.
As ondas e a subida da maré do rio Douro, esta tarde, no Porto, puseram também em perigo várias pessoas, incluindo turistas que se encontravam no topo de um autocarro panorâmico de visita à cidade, que foi prontamente rebocado.
Segundo o comandante da capitania do Douro, Raul Risso, apesar da "situação de alerta vermelho", esta terá sido "uma situação atípica, que não se pode considerar de onda gigante", ainda que este tipo de situações seja "sempre um processo dinâmico", pelo que a marinha está já a tomar medidas para que não se repita de imediato.
"Tendo em conta as condições meteorológicas, é natural que este tipo de ondas possa galgar a nossa costa", referiu Raul Risso, advertindo que "pode voltar a acontecer", até porque "a praia mar é por volta das sete da tarde".
A entrada do mar pela estrada adentro também arrastou e danificou dezenas de carros, para além de causar escoriações e hipotermia em várias pessoas. Todas receberam já cuidados por parte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
O comandante da capitania do Douro alertou ainda para o mau tempo que deverá fazer-se sentir ao longo da noite, chamando a atenção para "as zonas que tenham habitações junto à costa, que normalmente estão mais expostas".
Uma das pessoas surpreendidas pelas ondas, Mário Vieira, de 60 anos, disse à Lusa que não teve qualquer tempo para ver o que fosse, porque foi "de imediato envolvido pela onda", enquanto se encontrava dentro da viatura de um amigo, que prontamente pôs o carro em marcha atrás.
"O carro desligou-se imediatamente, porque é um carro eletrónico, ficámos imobilizados, vimos pessoas a ser arrastadas e atiradas pela água e vimos uma molhada de carros a bater uns contra os outros junto ao Castelo [do Queijo], tipo efeito dominó", disse Mário Vieira.
Tudo terá acontecido "num espaço de dez, quinze segundos, não mais do que isso", disse o homem, que é natural de Alfena.
Dezenas de carros foram arrastados e danificados pelo mar, o que obrigou as autoridades a efetuar alargamentos sucessivos do perímetro de segurança devido à intensidade das ondas, que continuavam a galgar os muros da marginal portuense.
Pelas 17:00, essa zona de segurança chegava já perto da praça de táxis do jardim do Passeio Alegre, observou a Lusa no local.
Os feridos, dois homens, de 63 e 73 anos, e de duas mulheres, de 64 e 65 anos, foram transportados ao Hospital de Santo António, indicou fonte do INEM.
O caso de hipotermia não precisou de ser hospitalizado.
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