Espanha: Presença de Marcelo e Costa na missa para homenagear vítimas, país e cidade
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 20 ago (Lusa) - O Presidente da República e o primeiro-ministro portugueses quiseram estar presentes na missa pela paz e concórdia, em Barcelona, para homenagear as vítimas, um país que tem sido "inexcedível" e uma cidade que não se deixa derrotar pelo terrorismo.
As afirmações, transmitidas pela RTP, foram feitas pelos chefes de Estado e de Governo de Portugal, depois da missa pela paz e concórdia realizada na basílica da Sagrada Família, que prestou homenagem às vítimas dos atentados terroristas de Espanha.
"Havia que testemunhar essa amizade, solidariedade e fraternidade em relação a um país que tem sido inexcedível em tudo, não apenas na presença agora no combate aos incêndios em Portugal", disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, acrescentando que essa "fraternidade tinha que ser traduzida" e que tinha de ser "exprimido" a todo o povo espanhol "aquilo que vai no coração de todos os portugueses".
Referindo-se à cerimónia, o Presidente da República considerou-a "muito comovedora e impressionante, sobretudo pela forma como o cardeal exprimiu aquilo que é fundamental neste momento: a preocupação pela paz, a construção da paz e a unidade em torno da paz, da concórdia".
Em relação à família das duas vítimas portuguesas, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se "muito impressionado" com a força demonstrada.
"Tendo eles, marido e mulher, perdido a única filha e tendo ele perdido a sua mãe, num momento especial, a celebração do aniversário dessa mãe, ainda assim, sendo uma família muito nuclear, muito pequena, muito unida, estava com uma grande força, impressionante, fiquei muito impressionado", afirmou.
O chefe de Estado destacou ainda a grande quantidade de pessoas presentes na cerimónia para prestar homenagem aos mortos e solidariedade para com os feridos.
"Ficámos muito impressionados pela massa de tantas nacionalidades e sobretudo das nacionalidades abrangidas que aqui veio para mostrar que a justiça, a paz e a concórdia são mais importantes do que o terrorismo, e, como a luta contra o terrorismo é uma luta cultural, e se afirma pelos princípios da tolerância, da dignidade da pessoa humana e dos direitos das pessoas, foi isso que vieram cá fazer estes milhares de pessoas", referiu, sublinhando que tanto ele próprio como o primeiro-ministro estiveram presentes sobretudo como "cidadãos" que querem transmitir aquela mesma mensagem.
O primeiro-ministro justificou também a participação na homenagem como uma forma de "partilhar a dor" e ao mesmo tempo de homenagear uma cidade cheia de "vitalidade" que não se verga perante o terrorismo.
"O terrorismo afeta sempre todo o mundo, porque é uma ameaça global, e quando atinge Barcelona, que é uma cidade do mundo - não é por acaso que temos vitimas de mais de 30 nacionalidades" -- sente-se esta dor, que "é uma dor partilhada em todos os cantos do mundo".
Nesta homenagem, "sente-se também esta vida única desta cidade e a vitalidade desta cidade", disse António Costa, apontando o facto de as Ramblas "estarem de novo cheias".
"É sinal de que o terrorismo não derrota o nosso modo de vida e que a defesa da liberdade, a ideia de uma cidade cosmopolita, a ideia de tolerância e respeito é uma ideia que tem de estar presente no dia-a-dia", acrescentou.
Espanha foi esta semana alvo de dois ataques terroristas, em Barcelona e em Cambrils, na Catalunha, que fizeram 14 mortos e 135 feridos, com a utilização de viaturas que atropelaram pessoas indiscriminadamente.
A lista de vítimas mortais do ataque em Barcelona inclui duas portuguesas, uma mulher de 74 anos, residente em Lisboa, e a sua neta, de 20.
Em Barcelona, o ataque ocorreu na quinta-feira à tarde, nas Ramblas, uma avenida muito frequentada por turistas.
Na madrugada de sexta-feira, cinco homens num automóvel atropelaram um grupo de pessoas em Cambrils, uma estância balnear a cerca de 100 quilómetros de Barcelona, fazendo um morto e cinco feridos.
Os dois ataques foram reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (também conhecido pelo acrónimo árabe Daesh).
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