Aveiro, 05 dez (Lusa) - A Refer requereu ao tribunal de Aveiro o adiamento do início do julgamento de um funcionário da empresa que está acusado de prestar falsas declarações, enquanto testemunha no processo "Face Oculta".

A primeira audiência do julgamento chegou a estar marcada para o mês de novembro, mas a defesa da empresa pública, que se constituiu como assistente no processo, requereu que a sessão fosse adiada, até que esteja concluído o processo principal, que está a ser julgado no tribunal de Aveiro.

O procurador do Ministério Público (MP) aderiu igualmente a este requerimento.

A defesa do arguido opôs-se, no entanto, ao referido adiamento, alegando que o pedido é "indecente" e "viola os seus direitos".

Em causa estão as declarações prestadas durante o julgamento do caso "Face Oculta" por Manuel Madureira, um supervisor da Refer que fiscalizou as obras que decorreram na linha do Douro, em 2001, após o acidente com o descarrilamento de um comboio.

Durante a audiência de julgamento, quer o procurador quer o juiz-presidente puseram em evidência contradições da testemunha, tendo em conta as declarações prestadas na Polícia Judiciária.

Apesar das chamadas de atenção, Manuel Madureira manteve o seu depoimento, o que levou o MP a solicitar ao tribunal a emissão de certidões para avançar com a acusação por falso testemunho.

Na mesma sessão, o mandatário da Refer requereu que fosse emitida certidão da ata, bem como registo das gravações da audiência para avançar com um processo disciplinar ao trabalhador.

O processo "Face Oculta" está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho, nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado e privadas.

Entre os arguidos estão personalidades como Armando Vara, antigo ministro e ex-administrador do BCP, José Penedos, ex-presidente da REN, e o seu filho Paulo Penedos.

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