Tradição do Dia dos Finados é mantida pelos emigrantes

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"Só não vim um ano porque o meu patrão não me deu férias nessa altura. Fiquei revoltada, mas agora, felizmente, tenho conseguido vir sempre", afirmou Irene Venâncio, ajudante de cozinha, a viver no Luxemburgo há 23 anos, e que, todos os anos, visita o cemitério de Matas do Louriçal, concelho da Figueira da Foz.

O filho morreu em 2002 no Luxemburgo, vítima de cancro, mas a família decidiu sepultá-lo em Portugal, "a terra que o viu nascer", até porque tinham "em mente regressar". Hoje já com uma neta nascida no Luxemburgo, admitem que lhes custa estar longe do cemitério onde o filho foi sepultado.

Este caso não é único na comunidade emigrante, principalmente nos países europeus. A psicóloga Sandra Balsamo, da associação Omega 90, que presta assistência às famílias enlutadas no Luxemburgo, considera que são muitos os portugueses que cumprem este ritual.

"Há muita gente que já partiu para Portugal por estes dias, para ir aos cemitérios prestar homenagem aos seus mortos. Quando têm os mortos lá, programam a ida e vão todos os anos", explicou a psicóloga venezuelana, que fala português.

O ritual de ir ao cemitério "ajuda a fazer o luto", e a distância agrava a dor de quem decide enterrar os familiares em Portugal, defende a psicóloga. "O facto de terem de esperar pelas férias para irem às campas é vivido como mais um peso, como uma dificuldade acrescida".

A decisão de enterrar os familiares em Portugal ou no país de acolhimento "nunca é simples" e "divide as famílias", explica Sandra Balsamo, sublinhando que são principalmente os imigrantes portugueses da primeira geração que optam por fazer o funeral em Portugal.

"Os que já nasceram aqui é outra coisa. Trabalham aqui, compraram casa aqui, têm os filhos aqui, e querem enterrar os mortos aqui, mas as famílias nem sempre estão de acordo", contou a psicóloga. Muitas vezes "os pais do morto querem que seja sepultado em Portugal, mas os filhos opõem-se".

Qualquer que seja a decisão, a psicóloga não tem dúvidas: "A vida dos imigrantes portugueses é muito dura, porque estão divididos entre os dois países".

"No caso dos mais velhos, que chegaram com os filhos pequenos, voltar para Portugal é muito complicado, porque agora têm cá os netos e não podem cortar os laços completamente com o Luxemburgo", disse a psicóloga à Lusa.

Para "facilitar a decisão" de escolha do local onde enterrar os familiares, a associação, que tem dois psicólogos que falam português, promove a divulgação da "diretiva antecipada", um testamento feito em vida com indicações sobre a forma como a pessoa quer morrer, podendo também determinar em que país prefere ser sepultada.

"A morte continua a ser tabu: não se fala, não se discute, e quando chega as pessoas ficam sem saber o que fazer. Não é só a tristeza, há muitas coisas práticas para resolver, sobretudo no caso de famílias imigrantes. Este documento ajuda a família a saber o que o morto queria e facilita a decisão, num momento em que a dor e o sofrimento são muito grandes", explicou a psicóloga.

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