Emigrantes divididos quanto ao local onde querem ser sepultados

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Porto Canal

Jorge Mendes tem 46 anos e está em França desde os quatro. O pai faleceu há um ano e meio e, como desejava, foi sepultado em Portugal: "Era o seu maior desejo. Faz parte de uma geração mais antiga. Queria ser enterrado ao pé do seu pai e da sua mãe, e foi o que fizemos".

Já o filho quer ser sepultado em Paris, onde vive, um desejo que é partilhado por muitos emigrantes de segunda geração ou por quem trabalha demasiado longe de Portugal.

Há muitos lusodescendentes que "optam por ficar no Canadá, visto que têm cá a sua família, filhos e netos", explicou à Lusa Carlos Páscoa Branco, 46 anos, diretor de planeamento da agência funerária Glen Oaks Memorial Gardens.

"Assim quando há dias específicos, como o dia do Pai, Mãe, ou o próprio Dia de Ação de Graças em que podem ir as campas e recordar os familiares", acrescentou o luso-canadiano, natural de Caldas da Rainha.

Mas, apesar disso, muitos são os emigrantes que têm planeado o local onde serão sepultados. Steven Jesus, 41 anos, natural de Calgary (Canadá), viveu grande parte da são vida em São Miguel, antes de regressar a Toronto e é um desses casos: disse que quer ser "cremado" e que as suas cinzas sejam "lançadas na lagoa das Sete Cidades", o local o "mais bonito do mundo".

Quando existe um Atlântico entre o país de origem e o de acolhimento, a opção mais popular, por ser mais barata, é a cremação, mesmo entre os mais velhos, explicou Carlos Páscoa Branco, salientando que o funeral em Toronto pode atingir os 12 mil dólares, a que se soma o transporte até ao local de destino.

Mas há quem queira ir ainda mais longe depois de morto. João Teixeira, 55 anos, empregado de restauração, nasceu em Goa e está no Canadá há 46 anos. Mas, quando falecer quer que as suas cinzas 'sejam entregues na água' na praia de Mapuça, na atual Índia.

Na Europa, entre os mais velhos a opção é ser sepultado em Portugal, na terra onde nasceram. Esse é o caso de Lurdes Oliveira, 58 anos, que já comprou uma sepultura em Viana do Castelo para si e para o marido, apesar de os filhos permanecerem em Paris.

"O meu desejo é ir para o meu país, já lhes disse", explicou.

O apelo da terra onde se nasce acaba por ser decisivo na escolha final. "Quando morrer quero ficar em França, onde nasci. Não penso em voltar para Portugal, nem em fazer a minha vida em Portugal. Gosto de Portugal, mas foi uma passagem", disse Isabel Silva, 47 anos, nascida já em França.

No Luxemburgo, a escolha de muitos parece ser também o local de chegada. Amélia Gomes, 43 anos, tem dois filhos já nascidos no país, e é também por isso que quer ser sepultada perto da família. "Há pessoas que enterram os familiares em Portugal e depois têm as campas lá abandonadas, ninguém lá vai", lamentou a proprietária de uma mercearia na capital luxemburguesa.

"Aquilo em Portugal está tão pobre que agora até assaltam os cemitérios para roubar as estátuas de cobre e de bronze", indignou-se.

A crise é cada vez mais um argumento para emigrar mas também para rejeitar as origens. "Estou muito desiludida com Portugal. Se morrer aqui, fico aqui", disse à Lusa Paula Silva, 36 anos.

A identidade também se define pelo local onde se quer ser sepultado. Pelo menos é o que sustenta a geógrafa luxemburguesa Aline Schiltz, na sua tese de doutoramento, que inclui um estudo de caso sobre a comunidade portuguesa de Mortágua no Luxemburgo.

À medida que os anos passam desde o início da emigração portuguesa para o Luxemburgo, nos anos 1960, "tudo indica que há cada vez menos emigrantes a serem enterrados no seu país natal", afirmou a autora, citando dados de uma agência funerária local. Ainda assim, em 2011 terão sido seis os emigrantes transladados do Luxemburgo para serem enterrados em Mortágua, segundo a mesma fonte.

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