Famílias inteiras e dezenas de carrinhos de bebé na peregrinação de emigrantes a Fátima
Porto Canal com Lusa
Fátima, Santarém, 12 ago (Lusa) - A peregrinação dedicada aos emigrantes, que decorre hoje e sábado no Santuário de Fátima, está a ser marcada pela afluência de famílias inteiras, muitas com bebés de colo, apesar do intenso calor que se faz sentir.
Emigrados em Toulouse, França, dois amigos deslocaram-se a Fátima, acompanhados das respetivas famílias, um grupo residente na zona do Porto: "É uma questão de fé e, como estamos fora do país e gostamos de Fátima, vimos todos os anos", disse à agência Lusa Alvim Silva.
Este serralheiro, atualmente sem trabalho devido a ter partido um dedo, diz que a deslocação ocorre "para mostrar Fátima" aos filhos pequenos "e conhecer Portugal".
O amigo, Fábio Rodrigues, maquinista, também acompanhado de crianças, empurra um carrinho de bebé pela zona de sombra que ladeia o Santuário - praticamente despido de pessoas, face ao sol forte e temperaturas acima dos 30 graus - adianta que a vinda à Cova da Iria faz-se também pelo convívio e para mostrar o espaço religioso aos filhos.
"Somos fiéis, gosto de vir. [Os filhos] ainda são pequeninos para compreender [o significado de Fátima] mas daqui a uns anos teremos de explicar, é normal, qualquer pai faz isso", argumentou.
Outro casal com filhos descansa no pequeno muro que circunda o Santuário, de onde são visíveis dezenas de carrinhos de bebé - uns aproveitando as poucas sombras do recinto, outro ao lado de uma peregrina que, de joelhos, cumpre uma promessa.
Joel, natural de Viseu e residente na região de Paris, está de férias em Portugal e deslocou-se a Fátima com a mulher e duas meninas pequenas, como "todos os anos, desde bebé".
"Vim pela fé, venho todos os anos rezar um bocado e ver se se dá mais sorte na vida", frisou.
A presença das crianças tem o objetivo de as educar "para a religião" e a deslocação desde Viseu é, nos tempos de hoje, mais fácil do que noutros tempos: "Hoje em dia é só meter o ar condicionado, mas aqui temos de andar muito a pé e elas cansam-se um bocadinho", afirmou.
Num espaço de campismo atrás do recinto do Santuário são várias as pessoas que optam pela estada em tendas de campismo, como a família de Daniela Nunes, natural de Oliveira de Azeméis, que aproveita a sombra a jogar às cartas, em redor de uma mesa.
Os pais vêm "mais pela parte religiosa", mas os filhos aproveitam as férias "para passear, fazer algumas compras e também jogar 'Pokémon'", um dos jogos do momento.
"É um local simpático para passar férias, vimos em família, não há situações de roubos nem nada parecido, é muito calminho, quando não há dinheiro para ir para o Algarve é assim, acampar, tudo à moda antiga", disse a rapariga.
Já Joaquim Barbado, escuteiro de Terrugem, Elvas, é presença habitual em Fátima, onde se desloca há mais de 40 anos, quase tantos como a barba branca comprida que lhe chega à barriga.
"É uma vinda de fé, da fé em Nossa Senhora, e em segundo lugar com o espírito escutista, para auxiliar todos os peregrinos que necessitem do meu apoio", explicou.
A ideia de deixar crescer a barba (quando a tivesse) - hoje fotografada e partilhada em imagens pelo mundo fora - surgiu ainda em criança, na escola, por causa do apelido de família.
"A minha professora dizia que eu era Barbado sem ter barba e eu só pensava que um dia, se a tivesse, ficaria sempre com ela", sublinhou, alegando que mantém as barbas "há 40 anos".
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