CGD sublinha que "não" desistiu do país por sair da Portugal Telecom
Porto Canal / Agências
Lisboa, 24 out (Lusa) -- A Caixa Geral de Depósitos "não" desistiu do país, pelo contrário, "aposta ainda mais no país, através da cobertura do "core" da Caixa e do 'core' do país, que são as PME", sublinhou hoje o vice-presidente da CGD.
Esta foi a forma encontrada por Nuno Fernandes Thomaz para responder ao presidente executivo da Portugal Telecom, que disse hoje, em declarações ao Jornal de Negócios, sentir-se triste por "ver alguns indivíduos e instituições a desistir de Portugal".
O banqueiro, que foi interpelado com a afirmação de Granadeiro em pleno palco durante a sua participação na cerimónia de entrega dos Prémios Portugal PME, organizado pelo Jornal de Negócios e Correio da Manhã, escusou-se a avançar quaisquer comentários relativamente à "oportunidade" escolhida pelo banco público para alienar a posição de 6,11% que detém na Portugal Telecom.
De acordo com o Jornal de Negócios, a administração da Portugal Telecom e o núcleo duro acionista da operadora foram "surpreendidos" pela saída da CGD, tendo a PT, ainda de acordo com o jornal, que não cita fontes, considerado a venda "inoportuna, uma vez que está a ser negociada, neste momento, a fusão entre a empresa portuguesa e a Oi", e suscetível de "enfraquecer a posição portuguesa".
A Caixa Geral de Depósitos anunciou hoje ter colocado à venda a posição de 6,11% que detém na Portugal Telecom, o que levou a CMVM a suspender a negociação das ações da PT.
Em comunicado divulgado hoje na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a CGD explica a decisão com a estratégia de desinvestimento em ativos não estratégicos.
"No contexto da estratégia de desinvestimento em ativos não estratégicos da Caixa Geral de Depósitos, a CGD pretende proceder à alienação de ações representativas de aproximadamente 6,11% do capital social da Portugal Telecom", refere o banco, no comunicado divulgado.
O anúncio levou a CMVM a suspender a negociação de ações da Portugal Telecom "até à divulgação de informação relevante sobre o emitente", como refere no seu site.
Segundo adianta a CGD, a oferta particular de ações da PT será feita através de "accelerated bookbuilding", ou seja, num processo feito sem promoção e num curto prazo - normalmente um ou dois dias -, para permitir que a empresa consiga obter rapidamente financiamento numa venda controlada.
A oferta será dirigida "em exclusivo a investidores qualificados" e gerida em conjunto pelo Caixa - Banco de Investimento e pelo Credit Suisse, adianta o banco.
De acordo com a informação da Caixa Geral de Depósitos, os termos finais da oferta devem ser anunciados ainda hoje, tendo a CMVM adiantando que o conselho diretivo decidiu suspender as ações da PT "nos mercados regulamentados da Euronext Lisbon até à divulgação de informação relevante sobre o emitente".
A CGD é o último acionista de capitais públicos ainda presente na estrutura acionista da PT.
APL (PMC) // ATR
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