Identificado gene que fornece a cor vermelha aos bicos e penas das aves

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Porto Canal com Lusa

Porto, 19 mai (Lusa) - Uma equipa científica internacional, que inclui investigadores da Universidade do Porto, conseguiu identificar o gene que fornece a cor vermelha aos bicos e penas das aves e que permite melhorar a sua visão cromática.

"Em geral, as aves não conseguem produzir carotenóides (substância química associado ao pigmento) vermelhos", indicou à Lusa Miguel Carneiro, coordenador da equipa nacional, acrescentando que é através do consumo de carotenóides amarelos e de uma reação enzimática que se dá a mudança de cor.

Neste estudo, foi possível identificar o gene CYP2J19, responsável por codificar a proteína (enzima) que, por sua vez, permite a conversão dos pigmentos.

A nível nacional, para além de Miguel Carneiro, a equipa é composta pelos investigadores Ricardo Jorge Lopes e José Melo-Ferreira, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos genéticos (CIBIO-InBIO) da Universidade do Porto.

De acordo com um comunicado sobre o projeto, "em muitas espécies animais a seleção sexual está associada com a cor vermelha", podendo o sucesso reprodutor de um dado animal "ser maior se este tiver mais penas vermelhas ou penas com vermelhos mais intensos".

No estudo, foram comparados os genomas de canários vermelhos e amarelos com a espécie Cardinalito da Venezuela, de forma a identificar as regiões do genoma que foram herdadas desta última, conhecida pelas suas penas vermelhas.

"Para nossa surpresa, todas as aves diurnas têm capacidade latente de produzir coloração vermelha, apesar de muitas não o fazerem", referiu Miguel Carneiro.

Associado a este projeto, a equipa desenvolveu outro trabalho que demonstra a implicação do gene agora descoberto na coloração vermelha do bico da espécie diamante mandarim, informou o coordenador, indicando que este fator comum pode ser relevante para "muitas espécies de aves e talvez até vertebrados".

Os investigadores estão agora a trabalhar na identificação do mecanismo genético que permite ao canário vermelho expressar na pele o gene descoberto.

Pretendem também estender a investigação a outras das 10.000 espécies de aves existentes, para verificar se o mecanismo genético que descobriram é comum à maioria, bem como identificar os genes associados à coloração nos répteis.

Um estudo sobre certas características de importância geral em biologia, como é o caso dos genes associados às canções dos canários, vai ser desenvolvido "em breve" pelos investigadores, acrescentou Miguel Carneiro.

Este projeto foi desenvolvido em parceria com duas equipas de investigação internacionais, lideradas por Geofrey Hill, da Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, e Joseph Corbo, da Washington University Scholl of Medicine, também nos Estados Unidos.

A investigação, que teve a duração aproximada de um ano, foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e o artigo sobre o mesmo é publicado hoje na plataforma da revista científica Current Biology.

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