Banqueiros afastam-se da criação de 'banco mau' para limpar crédito malparado

| Economia
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 17 mai (lusa) - Os presidentes de alguns dos principais bancos a operar em Portugal afastaram-se hoje da criação de um veículo para 'limpar' o balanço dos bancos do crédito malparado, na conferência que debateu em Lisboa o futuro da banca.

"O 'banco mau' para nós não é necessário", disse o presidente do Santander Totta, Vieira Monteiro, afirmando que o banco que dirige tem o crédito malparado bem provisionado e que consegue vender "no mercado" esses ativos mais problemáticos que detém.

Já o presidente do BPI, apesar de ter falado do 'banco mau' diretamente, também se afastou desse veículo cuja criação tem sido tão falada, afirmando desde logo que não gosta "de fazer parte do sistema, o BPI não é o sistema".

"Não me venham cá com conversas do sistema e da economia. Há bancos bons e bancos maus, bancos bem geridos e mal geridos, pessoas sérias e não sérias", afirmou Ulrich, que admitiu que o crédito malparado que o banco tem se deveu a erros de avaliação do risco do passado.

O Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, defendeu hoje que há um "problema sistémico" na banca portuguesa, os "ativos que não geram rendimento, sejam créditos vencidos ou ativos imobiliários", pelo que é necessário "encontrar um mecanismo que permita a titularização destes ativos".

Já em abril o presidente do BPI tinha dito que um veículo para retirar ativos 'tóxicos' do balanço dos bancos não era um "projeto do interesse do BPI", mas acrescentou que o banco participaria nesse mecanismo se isso lhe trouxesse "benefícios".

Ainda sobre a eventual criação de um 'banco mau' falou o presidente do Novo Banco, Stock da Cunha, que disse que irá continuar com a sua função de reestruturar a instituição que resultou da resolução do BES, independentemente de esse mecanismo vir a surgir ou não: "Estamos a construir o nosso caminho, sem pensar na vinda divina do banco mau".

Por fim, o presidente do BCP, Nuno Amado, garantiu que o seu banco tem um plano próprio de redução do crédito em risco para os próximos dois anos.

"Estamos a percorrer um caminho talvez mais difícil do que outras instituições, mas estamos a percorrê-lo bem", considerou.

A Associação Portuguesa de Bancos (APB) e o canal de televisão TVI24 realizaram hoje, em Lisboa, a conferência "O presente e o futuro do setor bancário".

IM/DN// ATR

Lusa/fim

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