Na China, o Panamá é apenas o país onde fica um longo canal

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Porto Canal com Lusa

Pequim, 08 abr (Lusa) - Em Pequim, o Panamá continua a ser, somente, um dos raros países que não tem relações diplomáticas com a Republica Popular da China e onde fica um dos principais canais de navegação do mundo.

O mecanismo de censura do Governo chinês tem assegurado que a investigação jornalística "Papéis de Panamá", que expôs uma gigantesca rede de empresas 'offshore', passe despercebida no país, visando ocultar o envolvimento de altos líderes da China.

Segundo dados do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), os escritórios na China da Mossack Fonseca, a firma de advogados panamiana no centro do furacão, criaram 16.300 empresas de fachada, 29% do total.

No entanto, o resultado de uma busca 'online' pelas palavras-chave "Panamá" (em carateres chineses), na principal rede social do país, é elucidativo: "Em conformidade com a lei, não existem entradas disponíveis".

Tem sido assim desde terça-feira à tarde (horário local). Antes, o resultado cingia-se a informações sobre regulação para importar fruta do país.

Já o principal motor de pesquisa chinês, Baidu, exibe mensagens de erro.

Nos órgãos de comunicação locais, as referências aos "Papéis do Panamá" são escassas, enquanto a transmissão de canais de televisão estrangeiros, como a estação britânica BBC, é interrompida de cada vez que o caso é mencionado.

No conjunto, familiares de nove líderes chineses surgem como donos de empresas 'offshore', o que não constituindo uma ilegalidade por si, visa frequentemente o branqueamento de capitais ou a evasão fiscal.

Entre estes, figura Deng Jiagui, o marido da irmã mais velha do atual Presidente Xi Jinping.

Familiares de Zhao Gaoli e Liu Yunshan, atuais membros do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC), a cúpula do poder na China, ou o ex-primeiro-ministro Li Peng, também constam dos documentos.

Chen Dongsheng, o marido de uma das netas de Mao Zedong, o fundador da República Popular da China, foi dono de uma firma com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, a Keen Best International Limited.

Hu Dehua, filho de Hu Yaobang, secretário-geral do PCC nos anos 1980, foi acionista, diretor e beneficiário da Fortalent International Holdingse, empresa registada no arquipélago caribenho.

A disciplina interna do PCC proíbe este tipo de atividades.

Da lista faz também parte Bo Xilai, ex-figura proeminente da política chinesa, que caiu em desgraça na sequência da campanha anticorrupção lançada por Xi em 2013.

Apesar daquela campanha, que já resultou na prisão de 130 quadros dirigentes com a categoria de vice-ministro ou superior, Pequim tem reprimido ativistas e dissidentes que exigem maior escrutínio dos titulares de cargos públicos.

Na terça-feira, um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros classificou a operação "Papéis do Panamá" como sendo um conjunto de "acusações infundadas", na única declaração de Pequim sobre o caso.

A Mossack Fonseca mantém escritórios nas cidades chineses de Xangai e Shenzhen - dois centros financeiros do país -, as cidades portuárias de Qingdao e Dalian, e as cidades Jinan, Hangzhou e Ningbo, além da Região Especial Administrativa de Hong Kong.

No "Índex de Transparência" de 2015, que avalia o nível da corrupção em 168 países, a China figura em 83.º lugar.

Criado nos anos 1990, o "Grande Firewall da China" permite bloquear seletivamente páginas com termos "sensíveis" ou censurar redes sociais e meios de comunicação social estrangeiros.

JOYP // MP

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