Pescadores consideram "indigno" culpá-los por não usarem coletes salva-vidas

| Norte
Porto Canal com Lusa

Póvoa de Varzim, Porto, 08 out (Lusa) - O presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar (APMSHM), José Festas, considerou "uma indignidade" culpar os pescadores que morreram à entrada da barra da Figueira da Foz, na terça-feira, por alegadamente não estarem a usar coletes salva-vidas.

José Festas falou numa conferência de imprensa realizada hoje para "esclarecer alguns pontos referidos pela autoridade marítima", defendendo: "os coletes salva-vidas em barcos costeiros não são obrigatórios. Não há nada que o diga. Nas embarcações de pesca local é, nas costeiras não".

"Este acidente deu-se, as pessoas morreram, não podem ser culpadas ou não pode tentar culpá-las por não ter coletes quando não são obrigatórios", acrescentou o presidente da APMSHM, falando ainda das condições da barra da Figueira da Foz, apontando-as como "um problema" que é idêntico ao de outras do Norte do país.

"Temos um problema que não é da Figueira da Foz, o das barras. É da Figueira da Foz, de Aveiro, de Vila do Conde, da Póvoa de Varzim, de Esposende, de Viana do Castelo e de Vila Praia de Âncora. O acidente na Figueira da Foz foi na entrada da barra, que estava aberta, mas não está em condições para barcos de pesca. As barras precisam de ser dragadas e em tempo oportuno", alertou José Festas.

"Os portos precisam de uma manutenção anual. É por isso que temos acidentes, e não por falta de colete ou falta de responsabilidade do mestre. O mestre tem condições para entrar numa barra desde que lhe seja dada autorização", completou.

O mestre chamou ainda a atenção para a falta de homens no Instituto de Socorros a Náufragos e para a necessidade de haver uma equipa de salvamento 24 horas por dia.

António Lé, presidente da Cooperativa de Produtores de Peixe do Centro Litoral, apelou a que sejam feitos inquéritos para que se apurem as falhas nesta operação de socorro e que "nunca mais faltem ao respeito para com aqueles que fazem do mar a sua vida".

"Eu estava lá cinco minutos após o naufrágio. Uma hora e meia depois não houve qualquer embarcação de socorro no porto da Figueira da Foz e isto tem de ser dito. O que disseram não corresponde à verdade, não houve prontidão dos meios. Podia ter-se salvado uma vida e deixou-se morrer uma pessoa", sublinhou o dirigente.

António Lé reclama que sejam criadas "condições de segurança no porto", acrescentado: "a pesca é um motor da economia e queremos continuar a trabalhar, não queremos viver de subsídios".

Já José Castro, vice-presidente da APARA (Associação de Pesca Artesanal da Região de Aveiro) e membro da direção da APMSHM, realçou: "não é só fechar uma barra e dizer que o pescador tem de ter o colete para ser seguro. A segurança faz-se desde que estão na água. O colete tanto nos dá segurança como nos tira a vida, no caso de ficarmos presos no barco".

José Castro questionou ainda: "porque que se gastaram tantos milhões a arranjar os portos, para depois ter as barras fechadas? A barra não tem condições de navegabilidade e tem que haver quem desassoreie no tempo certo para, com o mau tempo, os pescadores terem a segurança máxima de entrada e saída, porque havendo um acidente tanto faz terem colete vestido ou não".

O arrastão "Olívia Ribau" naufragou na terça-feira ao final da tarde à entrada do porto da Figueira da Foz. Estavam a bordo sete homens, dos quais dois foram salvos, três morreram e dois continuam desaparecidos.

JPYG // MSP

Lusa/fim

+ notícias: Norte

Incêndio deflagra em zona de mato em Vouzela, no concelho de Viseu

Um incêndio deflagrou, ao início da tarde deste domingo, na freguesia de Real das Donas, no concelho de Vouzela, no distrito de Viseu.

Homem fica em estado grave após despiste de mota na Serra da Agrela, Santo Tirso

Um homem com cerca de 35 anos despistou-se com um motociclo na tarde deste domingo na Serra da Agrela, em Santo Tirso.

Faleceu homem que se despistou de mota na Serra da Agrela

Perdeu a vida o homem, de 32 anos, que se despistou de mota na tarde domingo na Serra da Agrela, em Santo Tirso.