Novo Banco: Governo diz que "era melhor" ser vendido já "em boas condições"

| Economia
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 15 set (Lusa) - O Governo defendeu hoje que "era melhor" que o Novo Banco tivesse sido bem vendido agora, mas que o importante é que a alienação ocorra "de facto em boas condições", manifestando "total confiança" no Banco de Portugal.

"Se pudesse ter havido uma venda em boas condições já, naturalmente, que isso era melhor, mas o que queremos é que a venda seja feita de facto em boas condições (...) E o Banco de Portugal (BdP) fará com certeza o que tem de fazer", afirmou hoje a ministra das Finanças em conferência de imprensa, em Lisboa, depois de o Banco de Portugal ter anunciado que interrompeu o procedimento de venda do Novo Banco e que vai começar a preparar uma nova operação de alienação da instituição.

Questionada sobre se o adiamento da venda do Novo Banco poderia desvalorizar a instituição financeira, a governante disse: "Esperemos que não", voltando a remeter para o BdP, sublinhando que o Governo tem "total confiança de que o Banco de Portugal tomará as decisões adequadas para salvaguardar o interesse maior, que é a salvaguarda do valor do Novo Banco e da estabilidade do sistema financeiro".

"O que o Banco de Portugal nos disse é que entendeu que não estavam reunidas as condições de valor e restantes condições para que o Novo Banco pudesse ser bem vendido. O importante é que se encontre um acionista sólido, de referência para o Novo Banco, que possa ser o dono do banco e conduzir o banco num processo de crescimento para o futuro", defendeu.

Maria Luís Albuquerque afirmou também que "muito já foi conseguido em termos de recuperação da confiança por parte dos clientes no Novo Banco", mas sublinhou que é preciso ter também em conta "a necessidade de salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro, porque os custos de resolução são suportados pelo sistema financeiro e é importante que esses custos não sejam excessivos e que não tenham qualquer impacto negativo para a estabilidade do sistema".

A ministra das Finanças considerou que "não se trata de uma derrota ou de uma vitória para o Governo", reiterando que "o facto de ser um fim de mandato não tem qualquer relevância para a matéria, porque não é um processo que esteja a ser conduzido pelo Governo".

Quando interrogada sobre o impacto na Caixa Geral de Depósitos (CGD), a governante afirmou que "a CGD é um banco que tem atividade tal como todos os outros, que gera ganhos e perdas na sua atividade normal e, portanto, todas as obrigações dos outros bancos também se aplicam à CGD".

"Não podemos ver isso como uma questão direta dos contribuintes. [No caso das] empresas que são do Estado, os ganhos e as perdas são do seu dono, que é o Estado, mas mantenho que não há qualquer impacto direto nos contribuintes", afiançou.

O Banco de Portugal interrompeu o procedimento de venda do Novo Banco e vai agora começar a preparar uma nova operação de alienação do banco, anunciou hoje o regulador em comunicado.

"O Conselho de Administração do Banco de Portugal optou por interromper o processo de venda da participação do Fundo de Resolução no Novo Banco, iniciado em 2014, e concluir o procedimento em curso sem aceitar qualquer das três propostas vinculativas", adianta a instituição liderada por Carlos Costa.

Agora, segundo o mesmo comunicado, "é intenção do Banco de Portugal retomar o processo de venda depois de serem removidos os principais fatores de incerteza relativos ao Novo Banco", um procedimento que, segundo fontes próximas do processo, deverá ser lançado no final de 2015 ou início de 2016, embora o 'timming' da nova operação esteja em aberto.

Também o novo formato do modelo de venda não está definido e a única certeza que parece existir é que não seguirá o modelo que se mantinha até à última segunda-feira.

O novo procedimento de venda não tem ainda definido "o formato em que se irá desenrolar", admite o Banco de Portugal, adiantando, que "a etapa seguinte (...) deverá seguir trâmites diferentes do procedimento anterior e que melhor garantam a celeridade, a agilidade e a flexibilidade do procedimento", lê-se no comunicado.

Segundo fontes próximas do processo, o novo procedimento de venda poderá ser feito em várias fases, poderá não passar por uma venda de 100% do capital, poderá passar por operações que combinem dispersão em bolsa com a entrada de acionistas qualificados, entre outras, podendo concorrer quem já participou no primeiro procedimento de venda, como novos interessados.

ND (VC) // ATR

Lusa/fim

+ notícias: Economia

Bruxelas elogia cortes "permanentes de despesa" anunciados pelo Governo

A Comissão Europeia saudou hoje o facto de as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro se basearem em "reduções permanentes de despesa" e destacou a importância de existir um "forte compromisso" do Governo na concretização do programa de ajustamento.

Bruxelas promete trabalhar "intensamente" para conluir 7.ª avaliação

Bruxelas, 06 mai (Lusa) -- A Comissão Europeia está empenhada em trabalhar "intensamente" para terminar a sétima avaliação à aplicação do programa de resgate português antes das reuniões do Eurogrupo e do Ecofin da próxima semana, mas não se compromete com uma data.

Euribor sobe a três meses e mantém-se no prazo de seis meses

Lisboa, 06 mai (Lusa) -- A Euribor subiu hoje a três meses, manteve-se inalterada a seis meses e desceu a nove e 12 meses, face aos valores fixados na sexta-feira.