Responsável da ONU sugere "resposta global" para a crise dos migrantes
Porto Canal com Lusa
Genebra, 08 set (Lusa) -- O responsável da ONU pela imigração disse hoje que a crise motivada pelas migrações em direção à Europa necessita de uma "resposta global" e insistiu que os todos os países do mundo devem participar no acolhimento de refugiados.
"Todos os países do mundo têm a obrigação, por motivos humanitários, de receber refugiados sírios, e com todos incluo o Canadá, Austrália, América Latina, do Golfo Pérsico, Estados Unidos e Ásia", considerou Peter Sutherland, enviado especial da ONU para a Imigração e Desenvolvimento.
O enviado do secretário-geral da ONU explicou que a situação de desespero dos sírios não deixa qualquer dúvida sobre a necessidade premente de que sejam acolhidos, e insistiu numa resposta "proativa" do mundo.
"O dinheiro para os ajudar não exclui a responsabilidade de os acolher", especificou.
Para o antigo diretor-geral da atual Organização Mundial do Comércio (OMC), será necessário estabelecer um mecanismo para definir esta distribuição, e forneceu como exemplo a conferência de 1956 para realojar os 200 mil húngaros que fugiram para a Áustria na sequência da invasão soviética, lamentando a atual posição das autoridades de Budapeste.
Sutherland insistiu que a proximidade geográfica a uma crise não deve determinar quem assume a responsabilidade, ao recordar ainda que durante a Guerra do Vietname os refugiados foram recebidos em países de todo o mundo.
Sutherland, que também foi comissário europeu pelo Reino Unido, também exprimiu o seu descontentamento pela forma como a União Europeia (UE) em geral está a gerir a atual crise.
"A História julgará isto como um momento determinante para a Europa", asseverou.
O responsável da ONU considerou que o Tratado de Schengen, que estabelece a livre circulação de pessoas e bens no interior da UE "está em perigo", e considerou o Tratado de Dublin -- relacionado com o processo de refugiados que procuram asilo político -- "um absurdo", sugerindo a sua abolição.
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