Plano de acção de Coimbra Património Mundial terá de ser mais modesto
Porto Canal / Agências
O plano de ação, que previa inúmeras intervenções de reabilitação e novas construções na zona classificada, vai ser "seguramente" reformulado nos próximos tempos, "num sentido de maior modéstia", devido "às dificuldades que Portugal tem passado", disse João Gabriel Silva, em declarações à agência Lusa, no assinalar dos dois anos da classificação da Universidade de Coimbra, Alta e Rua de Sofia como Património Mundial.
Segundo o reitor, o plano de ação desenhado na candidatura aceite pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) "era um plano de ação para outros tempos", considerando que o processo de revisão "é algo normal" e que não terá consequências na classificação.
"Inevitavelmente, o plano de ação está atrasado em resultado das dificuldades do país. Não vale a pena ter grandes ilusões nessa matéria", sublinhou, referindo que ainda não consegue "fazer planos muito detalhados" para o futuro, por ainda não ter noção de quais as intervenções que poderão ser incluídas no quadro de apoio Portugal 2020 e Centro 2020.
No entanto, as perspetivas relativamente a candidaturas no quadro comunitário que agora se inicia "não são boas", com regras "muito restritivas" no que toca à reabilitação de património edificado, referiu.
Assumindo uma postura "pragmática", o reitor da Universidade de Coimbra salienta que se tem de dar "um passo de cada vez" e realça as intervenções no Paço das Escolas, no Colégio da Trindade, "que era a ferida mais grave", e a recuperação de parte do Colégio da Graça.
Apesar das incertezas quanto às condições de financiamento no Portugal 2020, João Gabriel Silva frisou que pretendia que os próximos passos fossem no sentido da reabilitação do Museu da Ciência e Colégio de Jesus, bem como do Colégio das Artes e na recuperação "de mais algum colégio na Rua da Sofia".
Para além do edificado, o reitor avançou que estão agora a ser pensados "caminhos temáticos" na forma como se conta a história que "está por detrás do património", sublinhando a necessidade de visitas na Universidade em torno da relação entre Portugal e a Europa, Portugal e o Oriente, ou na ligação "fortíssima com o Brasil".
Passados dois anos e apesar das dificuldades na reabilitação do património qualificado, João Gabriel Silva faz um balanço "muito positivo", apontando para a receita que o turismo está a dar à Universidade de Coimbra (em 2014 foram dois milhões de euros e este ano deverá aumentar) mas também para a dinâmica que a cidade vem ganhando.
"A cidade estava a sair muito do centro, com os grandes centros comerciais e as grandes urbanizações. O centro ficou quase marginalizado. Mas agora está a ganhar centralidade e a classificação foi decisiva para esse efeito", observou.
A Universidade de Coimbra, Alta e Sofia foi classificada como Património Mundial pela UNESCO a 22 de junho de 2013.
A cidade assinala, entre sábado e segunda-feira, com Canção de Coimbra, poesia, instalações sonoras e outras atividades, os dois anos da inscrição como Património Mundial.
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