Na escola Manuel da Maia a prova dos professores fez-se sem ruído ou boicotes

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 19 dez (Lusa) -- Sem ruído, protestos ou boicotes, as poucas dezenas de professores contratados inscritos para fazer a prova de avaliação na secundária Manuel da Maia, em Lisboa, entraram à hora marcada para fazer um exame que alguns consideram "ridículo".

Patrícia Vieira não fez a prova o ano passado. Por opção, nem se inscreveu: "Considero-a ridícula, mas por causa disso fiquei de fora dos concursos e se quero dar aulas no público tenho que a fazer".

A esta professora de inglês, que este ano está a dar aulas no ensino particular e cooperativo, faltam apenas 150 dias para completar os cinco anos de serviço que a libertariam da obrigação de fazer a Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos (PACC), apesar de já ter concluído o curso, que lhe atribuiu a habilitação profissional para dar aulas, há 10 anos.

Os menos de 400 professores que fizeram a PACC no ano passado e que conseguiram colocação nas escolas este ano são um número que não dão a Patrícia Vieira muita esperança. A hipótese de colocação no ensino público, que a própria considera remota, é o novo grupo de recrutamento de inglês para o 1.º ciclo, para o qual pretende concorrer.

Marília Santos, professora do 1.º ciclo, licenciada e com duas pós-graduações, não fez a prova no ano passado, em nenhuma das duas datas em que ela decorreu, devido aos boicotes nas escolas do Barreiro onde estava inscrita. Ainda assim, garante, não é contra os boicotes

Hoje entrou na escola secundária Manuel da Maia, em Campo de Ourique, sem problemas, num ambiente calmo e silencioso, mas vigiado de perto pela polícia, com vários agentes da PSP perto da entrada do estabelecimento.

"O ministro da Educação cuidou de tudo. Fosse ele tão cuidadoso no funcionamento das escolas e o ano letivo teria começado bem. Isto é uma questão de prioridades. E para o ministro da Educação a prioridade é humilhar os professores submetendo-os a uma prova absolutamente desprestigiante de quem a promove", disse o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, à porta da escola, sublinhando "a tristeza" de quem ia fazer exame.

A Fenprof foi uma das sete organizações sindicais que convocou para hoje uma greve de professores a todo o serviço à PACC, com início marcado para as 15:00.

Mário Nogueira disse que este ano o Ministério da Educação "soube escolher" as escolas onde iria decorrer a PACC , e que as escolas também souberam escolher os professores que convocaram para vigiar os colegas em exame, para minimizar os efeitos da greve: "O ministério foi cuidadoso na escolha e processo de seleção".

Ainda assim, disse acreditar que a o impacto da greve "vai ser forte", mesmo admitindo que é possível que a PACC decorra hoje em todas as salas de todas as escolas para onde estava marcada.

O sindicalista voltou a criticar a prova e a sua aplicação aos professores com menos tempo de serviço.

"São professores avaliados com Bom, Muito Bom e Excelente e que vão sujeitar-se a uma prova onde, eventualmente, como aconteceu na outra edição, lhes vão perguntar: numa determinada carruagem dos comboios em quantas cadeiras se pode ir com os pés? E quem souber é bom professor e pode ficar na profissão. É isto a PACC, é tão absurda quanto isto", disse, garantindo que nova greve será marcada para o dia da componente específica.

O deputado do Bloco de Esquerda e membro da comissão parlamentar de Educação Luís Fazenda marcou presença junto à escola, tendo afirmado que a prova é "um cadáver muito elucidativo do que foi a política de Nuno Crato".

Referindo-se aos professores que se preparavam para fazer a prova, que considerou "algumas das vítimas" da política do ministério, disse que "bastava olhar para a sua cara para ver a sua humilhação".

Há 2.861 professores inscritos na PACC, um número muito abaixo dos 13.500 que se inscreveram em 2013. Este ano a prova decorre em cerca de 80 escolas de todo o país.

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