BE questiona se importância da empresa que justifica requisição não impede venda
Porto Canal / Agências
Maia, Porto, 18 dez (Lusa) -- A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, questionou hoje como é possível que a companhia aérea TAP possa ser alvo de um processo de privatização, se é importante o suficiente para que haja uma requisição civil.
Em declarações aos jornalistas à margem de um piquete de greve na Continente Logística, na Maia, no distrito do Porto, a porta-voz do Bloco de Esquerda disse que o ministro da Economia, Pires de Lima, tem de ir à Assembleia da República para responder à pergunta: "Se a TAP é tão importante que é preciso uma requisição civil para travar uma greve então como é que pode o país vender a TAP a privados?"
"O ministro tem de explicar como é que a TAP é tão especial que não pode parar em determinados dias e que, por isso, o Governo tem um gesto de requisição civil que atenta contra um direito constitucional e legal que é o direito à greve fundamentando esse decretar no interesse público, quando aquilo que quer é vender a empresa e, portanto, deixar de defender qualquer interesse público que esteja ligado à TAP", declarou Catarina Martins.
A porta-voz do Bloco de Esquerda disse que parece "haver um um atentado ao direito constitucional e legal à greve porque se percebe pouco como é que uma requisição civil pode ter um âmbito tão alargado".
Catarina Martins sublinhou que ao decretar uma requisição civil o Governo "está a reconhecer que a TAP não é uma empresa como as outras".
"Quando a TAP for privatizada e deixar de voar para Toronto ou para Caracas poderão os emigrantes portugueses vir passar o Natal a casa? Ou poderão os turistas desses países vir a Lisboa passar férias? A greve, essa sim, defende o interesse público", disse a porta-voz do Bloco de Esquerda.
Horas antes, o Bloco de Esquerda havia anunciado que iria chamar ao parlamento, com urgência, o ministro da Economia sobre a requisição civil dos trabalhadores da TAP decretada pelo Governo para minimizar o impacto da greve na companhia.
O Governo aprovou hoje uma requisição civil dos trabalhadores da TAP para minimizar o impacto da greve de quatro dias, entre 27 e 30 de dezembro, convocada por 12 sindicatos para contestar o relançamento da privatização da companhia aérea.
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