"Eu e a minha família fomos julgados na praça pública"
Porto Canal
O líder histórico do BES, Ricardo Salgado, lamentou hoje o julgamento público que diz ter sido alvo, a par da sua família, ao longo dos últimos meses, negando a retirada de milhares de milhões de euros do banco para benefício próprio.
"Durante semanas e meses a fio eu e a minha família fomos julgados na praça pública", afirmou o homem que liderou o Banco Espírito Santo (BES) durante 22 anos, durante a sua intervenção inicial na comissão de inquérito ao caso BES.
Salgado apontou para as notícias que o acusaram de ter sido o responsável por "fugas em escassas semanas de milhares de milhões de euros" que foram utilizados para comprar "vivendas em Miami e castelos na Escócia".
Negando que tal seja verdade, Salgado assegurou aos deputados que essas são "histórias totalmente falsas".
Ainda assim, o responsável admitiu que poderá ter cometido erros durante o longo período em que liderou o BES.
"Em 22 anos de presidente executivo do BES poderei ter tomado decisões que podem nem sempre ser acertadas", sublinhou.
Salgado iniciou a sua intervenção no parlamento a agradecer a oportunidade que lhe é concedida para falar sobre as causas que levaram à queda do império Espírito Santo, manifestando-se totalmente disponível para regressar, caso seja esse o entendimento da comissão de inquérito.
"Obrigado pela oportunidade que me estão a dar. Tenho total disponibilidade para aqui regressar se entenderem necessário", lançou.
E realçou: "Depois dos factos que aconteceram no início de agosto, nunca tive oportunidade de falar. Apenas num momento, por insistência dos jornalistas, disse que estava a trabalhar para defender a dignidade e a honra da minha família".
Salgado puxou de um ditado chinês para dar a entender que quer limpar o seu nome, e o da sua família, das acusações que lhes são feitas acerca das responsabilidades na queda do Grupo Espírito Santo (GES).
"O leopardo quando morre deixa a sua pele e um homem quando morre deixa a sua reputação", ilustrou.
"Fiz um trabalho de profunda reflexão durante estes mais de quatro meses em que me encontro nesta situação. Ficará para mais tarde o juízo definitivo sobre a atuação dos poderes políticos e regulatórios", afirmou, considerando que essa atuação deve ser avaliada pela Assembleia da República.
Salgado compareceu no parlamento acompanhado pelo seu advogado pessoal, Francisco Proença de Carvalho.