FMI diz que recuperação do sector financeiro está repleto de surpresas desagradáveis e pede atenção às contas do Novo banco
Porto Canal
O FMI considera que os desenvolvimentos recentes do setor financeiro demonstram que a recuperação é "repleta de surpresas desagradáveis", recomendando que, no caso do Novo Banco, seja garantido um "bom equilíbrio" entre estabilidade financeira e proteção das contas públicas.
Na nota sobre a primeira monitorização pós-programa de resgate hoje divulgada, o Fundo refere que as condições operacionais do setor financeiro "continuam difíceis, prolongando o processo de melhoria dos balanços dos bancos".
"Apesar dos desafios recentes, a estabilidade financeira foi preservada. Estes acontecimentos, no entanto, atestam que a recuperação de uma crise económica tende a ser um processo prolongado, repleto de surpresas desagradáveis", lê-se na nota.
A instituição liderada por Christine Lagarde adverte que "é importante que a oportunidade dada pela avaliação do Banco Central Europeu aos maiores bancos", os chamados testes de stress, sirva para "reforçar a resiliência dos sistema bancário" e alerta que os bancos portugueses "devem evitar tomar riscos excessivos para compensar as perspetivas de baixa rentabilidade".
Quanto ao Novo Banco, o FMI afirma que, para futuro, a estratégia vai ter de garantir "um bom equilíbrio entre [a necessidade] de preservar a estabilidade financeira e [a de] salvaguardar as finanças públicas.
A instituição com sede em Washington divulgou hoje as conclusões da primeira monitorização pós-Programa de Assistência Económica e Financeira, realizando-se estas missões duas vezes por ano pelo menos até 2022, ano em que Portugal deverá ter reembolsado o equivalente a 200% da sua quota, em cumprimento das regras internas do FMI, ficando depois dispensado deste acompanhamento.
Para 2014, o Fundo espera um crescimento de 0,8% e um défice de 5% e, para 2015, antecipa um crescimento de 1,2% e um défice de 3,4%, previsões mais pessimistas do que as do Governo e do que as estimativas anteriores do próprio Fundo. No final do resgate, em maio, tanto o Governo como os credores internacionais previam um crescimento de 1% e um défice de 4% este ano e, para 2015, antecipavam um crescimento de 1,5% e um défice orçamental de 2,5% do PIB.